domingo, 16 de setembro de 2018

Emmy Awards 2018: Quem vence, quem merece vencer e um pouco mais!


O Emmy, o maior prêmio da TV, este ano completa 70 edições realizadas, é um feito e tanto. Uma premiação que já precisou se atualizar a medida que a TV como antes conhecida foi mudando chega em uma data histórica fazendo sua cerimônia em uma... segunda. Porém, deixando isso de lado, os indicados desse ano refletiram bem, em sua maioria, o que realmente de melhor temos na TV americana atualmente. 

Entre as produções mais indicadas da noite estão os épicos ''Game of Thrones'' (HBO), ''Westworld'' (HBO), assim como a hypada ''The Handmaid's Tale'' (Hulu). Do lado das comédias os destaques ficam para ''The Marvelous Mrs. Maisel'' (Amazon) e ''Atlanta'' (FX). Já no tão escasso ano para filmes para televisão e minisséries, o destaque é todo para ''American Crime Story: the Assassination of Gianni Versace'' (FX). Sem surpresas, estas também devem ser as principais ganhadoras da noite.

Nesse post vou dividir por ''áreas'' e tentar ser o mais sucinto possível e falar quem ganha, quem pode ganhar e quem, dentre os que eu vi, merecem ganhar. Vamos nessa!

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Melhor Atriz 2011 - Atriz mole em Oscar duro, tanto bate até que ganha!


Essa ainda é uma das corridas que mais me recordo dentre os anos que sigo a cerimônia do Oscar. O principal motivo é o fato de que as concorrentes estavam, em sua maioria, certas basicamente um ano antes da cerimônia. As apostas, inclusive minhas, em Meryl Streep, Glenn Close, Michelle Williams e Tilda Swinton pouco tempo depois que Natalie Portman venceu eram tremendas. E não fosse pela queda inesperada de Swinton, a única surpresa na corrida teria sido a inclusão de Viola Davis.

Meryl Streep em The Iron Lady fazia Margaret Thatcher, já Michelle Williams era Marilyn Monroe em My Week with Marilyn, duas biopics distribuidas pelos Weinstein. Glenn Close fazia um papel que ela viveu no teatro, era completamente apaixonada e era nada menos que um... homem em Albert Nobbs. Tilda Swinton fazia uma mãe que via seu filho se transformar em um monstro em We Need to talk About Kevin. Impossível ser mais Oscar do que isso né?

Pois bem, mas eis que em agosto o lançamento de um filme não tão hypado chamado The Help chacoalhou a corrida de Melhor Atriz. A prévia indicada por Dúvida, Viola Davis recebeu as críticas de uma vida e era uma vitória certa em coadjuvante, mas uma vitória na categoria não era o foco, ela e o estúdio queriam mais, eles queriam um prêmio de protagonista, mesmo que Davis não fosse em seu próprio filme.

Entre as indicadas muitos se perguntaram quem seria a ''Jennifer Lawrence do ano'', uma forma de se questionar qual atriz jovem em filme indie seria indicada na categoria. Sundance proveu alternativas como Felicity Jones em Like Crazy, Elizabeth Olsen em Martha Marcy May Marlene e Adepero Oduye em Pariah. Todas cairam. Falando em cair, Tilda Swinton criou um ''trend'' que se seguiu em alguns anos a seguir: foi indicada aos 4 prêmios prévios (Critics Choice, Globo de Ouro, SAG e BAFTA) e por ser uma indicação ''filler'' acabou caindo pra uma sensação do momento, Rooney Mara em The Girl with the Dragon Tattoo.

A queridinha da crítica acabou sendo Michelle Williams, que também venceu o Globo de Comédia. Porém, a briga que dividiu cada predictor até o último momento e que foi a primeira corrida, desde Kidman vs Zellweger em 2002, a ser disputada diretamente entre duas contenders acabou sendo entre as amigas Meryl Streep e Viola Davis. Viola tinha 170 milhões de bilheteria ao seu lado, um filme indicado na maior categoria da noite, a narrativa de ser apenas a segunda negra a vencer o Oscar como protagonista e as vitórias no Critics Choice e no SAG. Streep tinha Weinstein por trás, uma campanha ferrenha que lembrou a todos que ''a maior atriz viva'' não ganhava um Oscar tinha ''29 anos'', o fato de estar interpretando uma personagem baseada em alguém real e vitórias no Globo de Ouro e BAFTA. E no grande dia quando Colin Firth abriu aquele envelope e disse o nome de Streep, uma parte do mundo chorou, mas muita gente sorriu. E assim, Streep entrava num seleto grupo de atores com 3 ou mais Oscars.

Agora, meu ranking da corrida:

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Melhor Atriz 1991 - Quem come quieto, come por 2 (Oscars).


A corrida de 1991 é interessante de se acompanhar não só pela categoria de Melhor Atriz, mas pelo todo. Foi o ano que ''Silêncio dos Inocentes'' subverteu tudo e mesmo tendo sido lançado um ano antes da premiação, venceu todas as principais categorias. Foi nesse mesmo ano que Barbra Streisand foi roubada de uma indicação como diretora por ''Príncipe das Marés'' e que ''A Bela e a Fera'' fez história como a primeira animação a ser indicada a Melhor Filme. Nesse ano, a vitoriosa da categoria ninguém menos que Jodie Foster.

A atriz tinha vencido previamente por ''Acusados'' três anos antes, mas mesmo sendo jovem, a força de ''Silêncio'' junto do par icônico que ela formou com Anthony Hopkins tornaram sua segunda vitória um fato inegável. Sua maior competição eram as mulheres do estupendo ''Thelma e Louise'', o filme foi uma absurda sensação da época e tanto Susan Sarandon quanto Geena Davis estavam em todos os holofotes possíveis graças ao longa. Porém, para todo o bônus também existia um ônus. Justamente por ser um filme tão ligado a imagem das DUAS, a única vitória possível seria de ambas, mas um empate em atuação não é algo que acontece normalmente e não iria acontecer mesmo naquele ano. Os votos de ambas se dividiram e uma acabou anulando a chance da outra de vencer naquela corrida.

As outras duas indicadas nunca tiveram chances na corrida. Laura Dern foi indicada, sua única como protagonista e tendo pouco mais de 24 anos, por Rambling Rose. Um filme que até hoje faz dela e Diane Ladd as únicas mãe-filha a serem indicadas no mesmo ano e pelo mesmo longa. Já Bette Midler que foi nomeada pelo seu trabalho em ''For the Boys'' tem a típica indicação pela carreira/nome, mas totalmente ''filler'' que pegou até algumas pessoas de surpresas. Um ano relativamente fraco, mas Annette Bening se viu esnobadérrima por sua performance em Bugsy, um filme muito hypado da época que entrou em tudo, menos em Melhor Atriz. Houve um burburinho de Anjelica Huston por ''Família Addams'', mas sabemos que isso nunca aconteceria. Atrizes em filmes independentes como Lili Taylor em ''Dogfight'' e ''Bright Angel'', Alison Steadman em ''Life is Sweet'' e Mimi Rogers em ''The Rapture'' até queriam acontecer, mas nunca tiveram chance.

Abaixo, meu ranking dessa seleção bem boa:

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Migliore Attrice 1961: Sophia Loren faz HISTÓRIAAAAAAA!


O ano de 1961 é completamente icônico na categoria de Melhor Atriz pelo fato de que a vitória da italiana Sophia Loren fez dela a primeira pessoa a ganhar um Oscar por uma performance falada em língua não-inglesa.

Dentre as concorrentes de Loren estavam Geraldine Page em ''Summer and Smoke'' e Piper Laurie em ''The Hustler''. A primeira chegou a vencer o Globo de Atriz em Drama, National Board of Review e tinha indicações prévias, mas por estar em um filme inexpressivo, acabou não tendo muitas chances de vitória. Já Laurie foi muito badalada pelo drama estrelado por Paul Newman, mas a personagem é uma clara coadjuvante e mesmo tendo impacto no final do filme, jamais teria forças de vencer em um ano concorrido como esse.

As duas favoritas eram a jovem Natalie Wood em ''Splendor in the Grass'' e Audrey Hepburn em ''Breakfast at Tiffany's''. Wood se favorecia de alguns fatores, entre eles estava o fato de que a mesma, mesmo jovem, já tinha uma indicação prévia aos 17 anos pelo clássico de James Dean, ''Rebeldia Sem Causa''. Além disso, Wood era a protagonista do grande filme do ano, o músical ''West Side Story'' (Amor, Sublime Amor). A atriz era uma estrondosa sensação e seu filme era dirigido por Elia Kazan, o diretor responsável pela mudança como vemos atuação atualmente.
Hepburn, sem demais explanações, estava fazendo sua atuação mais icônica como a adorável Holly Golightly. O filme, um absurdo sucesso de bilheteria, consolidou Hepburn em uma carreira que já chegava perto de uma década. A atuação de Audrey foi muito aclamada já na época e muitos ficaram chocados com sua derrota no Globo de Ouro em Atriz de Comédia/Musical, mas talvez já fosse um sinal que a nível de prêmios, Hepburn não iria tirar muito coelho daquela cartola.

O que deve ter pesado contra ambas foi a forma como a Academia recebeu ambos os filmes. Embora vencedor de roteiro, ''Splendor'' não foi bem recebido pela crítica e indústria como os trabalhos anteriores de Kazan, isso ficou refletido nas suas duas míseras indicações ao grande prêmio da noite. ''Breakfast at Tiffany's'' já foi mais popular com os ''branchs'' técnicos, mas o que muitos esperavam era que o filme fosse entrar em ''Melhor Filme'' e que Blake Edwards fosse ser reconhecido em ''Melhor Diretor'', mas acabou não rolando.

Tá, mas isso seria suficiente para os membros, absurdamente conservadores, da Academia premiassem uma estrangeira falando italiano? Claro que não. Porém, para mostrar mais uma vez a força de uma campanha bem feita, o marido de Loren (produtor do filme) e, especialmente, o distribuidor americano do mesmo (Joseph E. Levine) se mostraram prontos para que Loren ganhasse o careca dourado. ''Two Women'' foi passado em todas, literalmente todas, as cidades que existia ao menos um votante da Academia e em todas as sessões estava Sophia Loren para responder o que você quisesse sobre o filme. Até dublar a si mesma para o US, ela fez, e divulgaram isso abertamente.

Dois fatores que devem ter ajudado forte na vitória é que Melina Mercouri tinha sido a primeira atriz indicada por uma performance não em inglês um ano antes, e no ano de Loren,  o cinema de Fellini também chegava as grandes categorias do Oscar (''La Dolce Vita'' entrou em Melhor Diretor''). Junte isso a vitória da porto-riquenha Rita Moreno em coadjuvante, também batendo um ícone do cinema como Judy Garland, e a vitória de Loren faz um pouco mais de sentido. Pena que na época a atriz não acreditou e preferiu não ir a cerimônia.

De uma categoria muito boa, aqui está meu ranking:

sábado, 23 de junho de 2018

Melhor Atriz 2003 - A Bela e a Fera (e o Oscar!)


A vitória de Charlize Theron em ''Monster'' se tornou um consenso em vários círculos da blogosfera de cinema, assim como na indústria americana em si. Na época, no entanto, ela não era tão certa assim. Theron dividiu a crítica junto de Naomi Watts em ''21 Gramas'' e nos televisados ainda existia a dúvida se ela ou Diane Keaton em ''Alguém tem Que Ceder'' que iria se sagrar nos televisados. Felizmente, essa grande atriz saiu vitoriosa e hoje está melhor do que nunca no status da atual Hollywood. No fim das contas, uma escolha bem acertada da Academia.

Quando ''Alguém tem que Ceder'' foi lançado no fim de novembro/começo de dezembro de 2003, Keaton foi laureada com as melhores reviews de sua carreira em décadas, muito previram que ela iria repetir o impensável: vencer outro Oscar por uma performance cômica. Alguns não gostaram da comédia de Nancy Meyers, mas ninguém negou o quão perfeita era a atuação que Keaton impregnava no filme. Já Theron e Watts estavam em situações quase parecidas: ambas eram atrizes novas (Theron estourou em 98/99 e Watts uns 2 anos depois), em completa ascenção e em filmes pequenos sem tanto apoio da indústria.

Porém, Theron contava com o ''Robert DeNiro effect'', e o que seria isso? Essa expressão era um exemplar clássico da mudança física que Hollywood, e o público em geral, viria a associar com ''atuação de verdade'' que meio que começou com DeNiro em ''Touro Indomável''. Ou seja, se ''enfeiar'', engordar ou emagrecer demais ainda são coisas vistas como uma ação muito incrível quando se quer mostrar que sua atuação precisa ser respeitada. Nesse aspecto, e também por viver alguém real, Theron acabou se sobressaindo as duas colegas que ousaram brigar com ela pelo careca dourado.

Com as 3 atrizes acima certas nas primeiras vagas da categoria, sobrou pra muitas queridas brigarem pelas 2 últimas vagas. Na pole position estavam Evan Rachel Wood por ''Aos Treze'' e Nicole Kidman por ''Cold Mountain''. Rachel Wood tinha sido aclamada pela crítica e a Fox Searchlight tinha gasto até o que não podia na campanha da mesma, mas mesmo com indicações ao Globo de Ouro e SAG, muitos não acreditavam que ela entraria por ser jovem demais, ela teria sido a indicada mais nova da categoria caso tivesse entrado. Kidman, no entanto, assim como o filme não empolgou ninguém, mas naquela época a Miramax (ou Harvey Weinstein, como preferir) eram os reis de Hollywood e a maioria achava que ela entraria pela força dele em suas campanhas ferrenhas.

Scarlett Johansson também não estava em muitos bolões porque, embora tenha conseguido indicação dupla como protagonista ao Globo de Ouro e BAFTA por suas performances em ''Garota com Brinco de Pérola'' e ''Encontros e Desencontros'', seu maior filme (o de Coppola) fez uma campanha para a mesma em coadjuvante, fazendo com que ela não só dividisse votos entre duas performances, mas também dividisse mais votos ainda entre duas categorias. Uma Thurman em ''Kill Bill Vol. 1'' e Jennifer Connelly em ''Casa de Areia e Nevóa'' até receberam atenção, mas acabaram nem chegando na praia.

E sendo até hoje uma das grandes surpresas da categoria, ao menos nos anos 2000, duas das indicadas vieram quase que do nada. Ainda tinham algumas pessoas que apostavam em Samantha Morton porque ''In America'' estava começando a pegar na indústria (especialmente com a indicação a elenco no SAG) e a mesma já tinha uma indicação prévia com a Academia, mas a indicação da criança neozelandesa de apenas 13 anos de idade que atende pelo nome de Keisha Castle-Hughes foi, literalmente de cair o queixo. Keisha teve uma aleatória indicação ao SAG em coadjuvante, mas jamais passou pela cabeça de ninguém que uma atriz tão nova em um filme tão pequeno e que nem sequer era americano fosse ter a chance de bater tantos nomes e projetos fortes. Castle-Hughes fez história e por quase uma década manteve um recorde incrível de atriz mais jovem indicada na categoria.

Abaixo, meu ranking:

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Melhor Atriz 1977 - Oscar Certo, Atriz Errada


A corrida do Oscar de 1977 é muito interessante por N fatores. O principal deles é que todas as indicadas na categoria tiveram seus filmes também indicados em Melhor Filme, um fato raro de se acontecer devido a Hollywood sempre ignorar ou não dar grandes projetos pra atrizes liderarem, interessante que dois desses projetos foram dirigidos pelo mesmo diretor, Herbert Ross. Ross dirigiu Marsha Mason em The Goodbye Girl e também foi o diretor de The Turning Point, um dos poucos filmes a ter duas protagonistas indicadas na história da categoria, nesse caso Anne Bancroft e Shirley MacLaine.

Jane Fonda, uma das mais indicadas da década, estava na lista pelo seu papel em Julia, e Diane Keaton completava a categoria, por uma das muitas parcerias que fez com Woody Allen, com sua performance em Annie Hall. Bancroft até começou o ano com força, criando uma forte ligação com a crítica e ofuscando totalmente sua colega de cena (MacLaine), mas sua derrota nos Globos para Jane Fonda e o fato de que MacLaine acabou aparecendo, totalmente de surpresa, no Oscar tirou qualquer chance de uma possível vitória sua.

Ao contrário do que era comum, as duas favoritas da noite eram as protagonistas das comédias românticas do ano (Keaton e Mason), dois filmes muito populares na época. Ambas eram as musas de seus roteiristas e tinham papéis feito especialmente para elas. Keaton chegou a vencer prêmios da crítica em coadjuvante, mas logo a campanha foi direcionada para protagonista. O empate entre ela e Mason nos Globos não ajudou em nada para prever quem seria a vitoriosa dentre as duas. Na noite da premiação Keaton se beneficiava de já ter um currículo estelar (O Poderoso Chefão), e muitos afirmam que sua performance totalmente dramática em ''Looking for Mr. Goodbar'' foi o beijo da vitória que ela precisava para tripudiar sobre Mason, que viu seu colega de elenco (Richard Dreyfuss) sair com a vitória de Melhor Ator.

A seleção em si é realmente muito boa, mas duas grandes atuações altamente incensadas pela crítica americana foram esnobadas por estarem em projetos menos convencionais, por assim dizer. Porém, tenho que destacá-las e afirmo, sem dúvidas, que elas deveriam ter entrado e poderiam ter vencido sem qualquer problema. São elas:



 Gena Rowlands, Opening Night (''Noite de Estréia'')

Rowlands que já tinha sido indicada previamente por uma performance também dirigida pelo seu marido John Cassavetes em ''Uma Mulher Sob Influência'', voltava a estarrecer os olhares de qualquer pessoa com essa incrível atuação.

É interessante notar que na época a recepção da crítica para com o filme foi pavorosa, muita gente chamando de indulgente, errôneo e o que mais você pensar, mas até quem odiou com força, não teve como não se ajoelhar perante a atuação de Rowlands. Como uma atriz que sofre com uma estreia cada vez mais próxima de sua próxima peça, Rowlands faz um belíssimo, natural e crível trabalho que consegue fazer com cada espectador penetre na superfície daquela mulher e consiga ver toda a problemática que ela enfrenta devido as rachaduras que vão sendo expostas ao longo da trama.

É uma atuação tão inteligente, mas que consegue fluir tão naturalmente que fica simplesmente impossível de tirar o olhar de Rowlands quando a mesma está em cena.


Shelley Duvall, 3 Women (3 Mulheres)

Duvall é altamente conhecida por sua criticadérrima performance em ''O Iluminado'', mas se engana quem acha que ela é uma má atriz por causa de um momento ruim na carreira.

Nesse filme de Robert Altman, Duvall tem uma personagem absurdamente insuportável, mas que ao mesmo tempo gera uma certa empatia, sua Millie é um produto do meio altamente bem desenvolvido e que nas mãos de Duvall se torna a peça necessária para que o roteiro funcione perfeitamente.

A atriz consegue percorrer cada uma das camadas e transições que a personagem sofre de forma irretocável, e ao final do longa temos um momento estarrecedor que exemplifica bem o quão perfeitamente Duvall compreendeu a personagem e tomou a mesma para si. Bravíssima!

Abaixo, meu ranking das indicadas:

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Tony Awards 2018: Previsões!


O Tony Awards, maior prêmio do teatro musical no mundo, ocorre no próximo domingo (10) e nesse texto vou tentar prever quem vence, assim como os possíveis ''upsets'' nas categorias premiadas pelo ''American Theatre Wing''. Essa temporada da Broadway foi considerada ''fraca'', apenas 7 novos musicais abriram (dois deles massacrados) e quase nenhuma peça original conseguiu se manter em pé até o dia da premiação. Após alguns anos de tantos trabalhos originais sendo aclamados, todos os indicados a ''Melhor Musical'' são adaptações de filmes (Band's Visit, Frozen e Mean Girls) ou de uma grande franquia (SpongeBob). No lado das peças também há uma grande marca que promete vencer tudo: ''Harry Potter'', a produção importada de Londres aproveitou uma temporada mais branca e deve vencer Tony's a rodo. Vamos ver quem vence em cada uma das categorias? Aqui estão meus palpites:

MELHOR MUSICAL


O único musical original aclamado da atual temporada, ''The Band's Visit'' é a adaptação de um filme israelita que conta sobre como povos tão distintos acabam ficando ''próximos'' devido a diversidades da vida. 

Sem qualquer concorrência, o musical adulto e intimista de David Yazbek é o grande retorno do compositor a Broadway depois do fracasso que foi sua adaptação do filme de Pedro Almodóvar, ''Women on the Verge of a Nervous Breakdown''. Yazbek é o criador de ''The Full Monty'' e ''Dirty Rotten Scoundrels'' e finalmente verá uma criação sua vencendo o prêmio máximo da noite.

MELHOR PEÇA


Nenhuma das demais concorrentes em peça, tirando a nova história do bruxo mais famoso do mundo, está aberta na Broadway, só por isso a chance de vitória seria nula. Que a oitava história do mundo mágico tenha sido recebida com total aclamação e notoriedade pela crítica especializada em teatro apenas finalizou qualquer dúvida que a produção venha a vencer o grande prêmio da categoria de peça.

Tendo custado mais de 68 milhões de dólares, a produção é a peça mais cara da história da Broadway, mas dado o nome de Harry Potter, ''Cursed Child'' vai vencer muitos prêmios e arrecadar um ótimo dinheiro. Sapo de chocolate para todo mundo!

MELHOR REVIVAL DE MUSICAL



Das categorias principais, essa é a mais apertada. Um dos musicais mais clássicos do teatro, ''My Fair Lady'', conseguiu ter um revival capaz de manter a essência do trabalho de Lerner e Loewe, mas ainda dá um ''twist moderno'' na obra. No entanto, a produção de Michael Arden para o primeiro revival de ''Once on this Island'', de 1991, basicamente reinventou a obra e vem recebendo altíssimos louros até hoje.

Eu acredito que o nome e a suntuosidade do vencedor de Melhor Musical de 1957 irá prevalecer e teremos ''My Fair Lady'' como o vencedor, mas as chances de ''Island'' ganhar o prêmio continuam altíssimas, e o musical precisa dessa vitória, ah como precisa!


MELHOR REVIVAL DE PEÇA


''Three Tall Women'' até que tentou, mas 25 anos após a produção original, o primeiro revival da obra-prima de Tony Kushner se tornou a peça mais indicada da história e deve vencer o grande prêmio de revival sem nenhuma dúvida.

''Angels in America'' tem basicamente oito horas de assuntos ainda muito tópicos mesmo passado décadas desde sua produção original, e a grandiosidade do trabalho não deve ser batida.

MELHOR ATOR EM MUSICAL


A grande dúvida do Tony desse ano reside nessa categoria. É engraçado lembrar que apenas cinco atores eram elegíveis a mesma, o protagonista de ''Margaritaville'' foi o esnobado da vez, mas todos os quatro indicados tem chances, basicamente iguais, de vencer.

Harry Hadden-Patton reinventou a forma como olhamos para Mr. Higgins em ''My Fair Lady'', Tony Shalhoub cria um personagem crível e humano em ''Band's Visit'', Joshua Henry deu vida ao controverso Billy na nova produção de ''Carousel'' e Ethan Slater, o queridinho dos fãs de teatro, faz das tripas coração para dar vida a um dos cartoons mais amados do mundo, Bob Esponja.

Eu não me surpreenderia com ninguém vencendo, mas dado o amor a produção, o tempo de carreira do ator e ao tão falado ''Soliloquy'' que dura mais de seis minutos e por ser sua terceira indicação, vou acreditar na vitória de Joshua Henry. Porém, fiquem de olho em Shalhoub também, finalmente, vencendo o seu Tony em sua quarta indicação.

MELHOR ATOR EM PEÇA


Andrew Garfield me agraciou com sua inacreditável performance como Prior nesse revival de ''Angels'' quando o vi em Londres ano passado. Assim como eu, qualquer pessoa que o assiste no papel fica boquiaberto com a capacidade dramática que o ator consegue exprimir sem perder o fôlego durante as várias maratonas semanais que ele precisa fazer pela peça.

Tendo uma prévia indicação em ator coadjuvante em peça, Garfield é uma vitória certa na noite de domingo.

MELHOR ATRIZ EM MUSICAL


Até se ensaiou uma ameaça de Lauren Ambrose fazendo a amável Eliza em ''My Fair Lady'', mas Katrina Lenk também vencerá domingo com uma vaga margem por seu trabalho em ''The Band's Visit''.

A atriz, aclamada na temporada passada pela peça ''Sweat'', conquistou a todos com uma atuação sútil e uma voz encantadora como a dona do bar mais famoso da temporada. A sua rendição de ''Omar Sharif'' deve ter selado a sua vitória com vários votantes nessa que é sua primeira indicação.

MELHOR ATRIZ EM PEÇA


A lendária Glenda Jackson deve receber 98% dos votos em sua categoria. Sua performance na peça de Edward Albee, ''Three Tall Women'', simplesmente impede a, já não tão grande, concorrência de ter qualquer chance de vitória.

Jackson é uma das grandes atrizes britânicas de todos os tempos, mas nos anos 80 resolveu virar política e ficou no meio por quase três décadas. Em seu retorno triunfal, Jackson deve vencer seu tão merecido Tony em sua quinta indicação e se consagrar assim como a atriz mais velha a fechar a ''Triple Crown of Acting'', ou seja, vencer Oscar, Emmy e Tony por atuação.

MELHOR ATOR COADJUVANTE EM MUSICAL


Vencer um Tony já não é fácil, dois é bem difícil, mas imagina três? É exatamente isso que Nobert Leo Butz ameaça fazer nesse próximo Tony.

O Fiyero original de Wicked já possuí duas vitórias como protagonista de musicais (2005 por ''Dirty Rotten Scoundrels'' e 2011 por ''Catch Me If You Can''), mas agora deve vencer por fazer o pai de Eliza em ''My Fair Lady'', onde vem recebendo altíssimos louros pelo ''showstopper'' que é sua performance de ''Get Me to the Church on Time''.

O principal concorrente dele é Ari'el Stachel, coadjuvante de The Band's Visit, e tem quem acredite que Gavin Lee fazendo Lula Molusco também ameace, mas acredito que a vitória será mesmo de Butz em um papel que gera uma enorme empatia com o público.

MELHOR ATOR COADJUVANTE EM PEÇA


Outro que já tem dois, ambos por musicais, o lendário Nathan Lane também irá ganhar uma terceira estatueta nesse domingo, mas agora em peça. Fazer Roy Cohn em ''Angels in America'', uma figura tão ruim e proeminente no imaginário popular por ser o mentor de Donald Trump, é uma tarefa árdua, mas Lane jamais está menos que excelente em seu papel.

O ator joga as mais ferozes ''one-liners'' a medida que também tem monólogos absurdos, é um trabalho feroz, na cara, vibrante e altamente marcante. Uma vitória, sem dúvidas, acertadíssima.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM MUSICAL


A atual montagem de ''Carousel'' sofreu duras críticas de muita gente, mas existe um fortíssimo consenso sobre a mesma: Lindsay Mendez está estupenda.

O papel que deu o primeiro Tony a recordista Audra McDonald volta a agraciar mais uma atriz e as chances de Mendez sair premiada domingo são altíssimas. Porém, nada está definido e tem muita gente achando que a aclamada Ashley Park pode vencer por ''Mean Girls''. Eu não duvido, mas ainda vou de Mendez, uma trabalhadora da indústria tendo, finalmente, seu momento de brilhar. Ah, a indicação de Diana Rigg é uma piada, convenhamos.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM PEÇA


Denise Gough teve uma peça Off-Broadway, ao qual ela venceu seu primeiro Olivier Award quando fez a mesma em Londres, no ano passado que lhe rendeu altíssimos elogios. Como a esposa mórmon de um gay enrustido a britânica vem recebendo os elogios de uma vida. E tendo visto sua performance, ela merece cada aplauso colhido. Na foto acima está seu grande momento, um monólogo sobre a vida, a sua vida, e tudo que ela representa lançado de forma tão melancólica e fervorosa que é impossível ficar indiferente.

Tem quem diga que Noma fazendo Hermione pode vencê-la, mas acredito que se alguém ganhar de Gough é Laurie Metcalf por ''Three Tall Women''. Não vejo acontecendo com nenhuma delas.

- MELHOR LIBRETO DE MUSICAL: Mean Girls - Itamar Moses é tão forte quanto Tina Fey, mas eu tô acreditando fortemente que Fey fez A campanha e vai abocanhar esse prêmio pra si.

- MELHOR TRILHA ORIGINAL: The Band's Visit - Sem competição.

- MELHOR DIREÇÃO DE MUSICAL: David Cromer, The Band's Visit - O amor ao musical deve levar a premiação de Cromer, mas fiquem de olho em Tina Landau que fez maravilhas com o musical do Bob Esponja. Arden pelo trabalho de ''Island'' é uma opção.

- MELHOR DIREÇÃO DE PEÇA: John Tiffany, Harry Potter and the Cursed Child - Entre Tiffany e Marianne Elliott (Angels in América) há uma divisão clara, mas acredito que trazer o mundo mágico ao teatro sem CGI e ser totalmente aclamado dá a vantagem para Tiffany.

- MELHOR ORQUESTRAÇÃO: THE BAND'S VISIT - A banda por trás do palco foi tão ou mais aclamado do que o musical em si, mas o lendário Jonathan Tunick fazendo a orquestração de R&H's Carousel ou Tom Kitt conseguindo unir sons de Cyndi Lauper e Steve Tyler para orquestrar ''SpongeBob'' são possíveis upsets.

- MELHOR COREOGRAFIA: CAROUSEL - Justin Peck injetou o balé clássico no teatro musical e já pode preparar o discurso só pela sequência de ''Blow High, Blow Low''.

- MELHOR DESIGN CÊNICO DE MUSICAL: SPONGEBOB SQUAREPANTS - A dúvida aqui entre ''Once on this Island e ''SpongeBob'' é real, e ainda temos ''My Fair Lady'' correndo por fora, mas acredito que o fundo do mar sairá vitorioso graças a um inventivo e ''eye-popping'' cenário.

- MELHOR DESIGN CÊNICO DE PEÇA: HARRY POTTER AND THE CURSED CHILD - ''Women'' até que tentou, mas não.

- MELHOR FIGURINO DE MUSICAL: MY FAIR LADY - Vestidos de época são imbatíveis em qualquer premiação e os de Catherine Zuber não serão diferentes aqui.

- MELHOR FIGURINO DE PEÇA: HARRY POTTER AND THE CURSED CHILD - ''Farinelli'' tem uma pequena chance, mas também não vejo acontecendo.

- MELHOR DESIGN DE LUZ DE MUSICAL: THE BAND'S VISIT - Estou bem dividido entre Bob Esponja e The Band's Visit, com Once On this Island correndo por fora, mas o trabalho intimista, mas aparentemente certeiro de ''Band's'' me farão ficar com eles na aposta final.

- MELHOR DESIGN DE LUZ DE PEÇA: HARRY POTTER AND THE CURSED CHILD - Essa magia já foi conjurada e o feitiço é certo.

- MELHOR DESIGN DE SOM DE MUSICAL: SPONGEBOB SQUAREPANTS - Voltando ao Tony após alguns anos off, a vitória de ''Bob Esponja'' aqui parece ser bem certeira. Se alguém ameaça, é ''The Band's Visit''.

É isso ai gente, a noite vai ser BEM feliz para ''Harry Potter'' e ''The Band's Visit''. Será que o resultado foge muito disso? Lembrando que se ''Mean Girl'' sair sem nada, se tornará o maior perdedor da história do TONY. Porém, a gente torce para que isso não aconteça. Até domingo!



sexta-feira, 25 de maio de 2018

Melhor Atriz - 1953: A Princesa e o Careca Dourado


Interrompendo a programação de vencedoras com apenas uma indicação, nesse post vou falar da vitória de uma das maiores estrelas de toda a história de Hollywood: Audrey Hepburn. A vitória de uma das atrizes mais carismáticas e populares se deu em um ano, digamos... mais ''light''. Nenhuma de suas concorrentes fazia o perfil ''dramalhão'' que tanto preencheu a categorias em outros tantos anos e isso acaba refletindo na própria vitória de Audrey, que foi pela clássica comédia romântica ''Roman Holiday''.

Dentre as concorrentes como um todo, três delas eram basicamente novatas na indústria. A própria Audrey estava sendo lançada ao estrelato pelo seu filme, tendo pouco mais de 2 anos de carreira no cinema. Leslie Caron, que fez seu debut também dois anos antes no vencedor de Melhor Filme ''An American in Paris'', estava em seu terceiro longa quando conseguiu a indicação por ''Lili''. E Maggie McNamara foi indicada por ''The Moon Is Blue'', seu primeiro filme nas telonas. As veteranas daquele ano eram as lendárias Deborah Kerr em ''From Here to Eternity'' e Ava Gardner em sua única indicação na carreira por ''Mogambo''.

Enquanto que as veteranas poderiam ter se saído melhor, Kerr não é nem a principal coadjuvante em seu filme, daqueles casos que só foi indicada pela força do filme e ainda de forma fraudulenta pelo nome que tinha. Gardner deve ter sido a maior ameaça a Hepburn, a atriz já tinha um bom tempo de indústria e ela é bem proeminente em seu longa, mas o filme de John Ford não se conectou muito bem com os votantes da Academia, rendendo apenas duas indicações. Além disso, reputação de Ava ainda era muito que sua estonteante beleza era superior a seus dotes como atriz, o que deve tê-la prejudicado na corrida.

O filme de Hepburn foi um enorme sucesso de bilheteria e estava indicado nas principais categorias da noite como Melhor Filme e Melhor Diretor, coisa que suas colegas de categoria não podiam dizer o mesmo. Sendo a novata melhor posicionada e realmente em um filme que já nascia clássico, Hepburn venceu o careca dourado e com quase 25 anos se tornava, então, a terceira mulher mais jovem a vencer o prêmio. Audrey viria a receber mais 4 indicações em sua carreira e se tornaria uma lenda na indústria do cinema, sempre escolhendo projetos a dedo e envelhecendo com um status quase mitológico. Ela também se tornaria uma das seletas pessoas a vencer o EGOT, que são os 4 maiores prêmios (Emmy, Grammy, Oscar e Tony) das 4 maiores indústrias do entretenimento americano. Uma verdadeira rainha, né verdade?

Abaixo, meu ranking:

terça-feira, 1 de maio de 2018

Melhor Atriz - 1986: Representatividade que vale ouro!


Marlee Matlin continua sendo a ganhadora mais jovem (21 anos e alguns dias) da categoria de Melhor Atriz, assim como também ainda é a única pessoa surda a vencer um Oscar de atuação por sua performance em ''Children of a Lesser God''. Matlin já afirmou que se orgulha muito do primeiro fato, mas fica muito triste pela segunda. E é por isso que fica fácil entender o motivo pelo qual Matlin nunca retornou ao Oscar, é só lembrar da frase que Viola Davis quotou em seu discurso no Emmy: ''Você não pode vencer prêmios por papéis que não existem''. Triste, mas muito verdade.

No entanto, na corrida de 86 a jovem Matlin não era uma barbada e nem de longe a favorita prévia. As favoritas da crítica, que nós sabemos que é onde começa a se moldar a corrida, eram Sissy Spacek em ''Crimes of the Heart'' e Chloe Webb em ''Sid and Nancy''. Webb, junto de Gary Oldman em seu debut no cinema, foram os queridinhos da crítica especializada, mas o filme se mostrou muito diferente, pequeno e ''adverso'' ao que Hollywood normalmente espera, fazendo com que ambos não conseguissem chegar aos grandes prêmios. O filme de Spacek foi meio que visto como uma ''decepção'' e isso a impediu de seguir a frente, junto do fato de que sua vitória ainda era algo recente. E vencer Oscar #2 sem estar em um dos grandes filmes do ano é algo muito difícil.

Uma das indicações mais populares e revolucionárias da categoria ocorreu nesse ano: Sigourney Weaver entrou na seleção final por seu trabalho em ''Aliens'', a primeira vez que uma mulher era indicada por um papel totalmente voltado para o gênero de ação. Na única indicação de sua vida, Kathleen Turner não só, finalmente, conseguiu chegar ao Oscar por ''Peggy Sue Got Married'', como era uma favorita forte ao prêmio. Turner tinha surgido no começo da década de 80 e fez projetos bem sucedidos quase que em seguida, mas sempre era incapaz de ganhar tração para chegar ao prêmio da Academia. Porém, ela viu sua sorte mudar ao protagonizar essa dramédia de Francis Ford Coppola. A última indicada foi ninguém menos que Jane Fonda em ''The Morning After'', sua última indicação na carreira, até hoje. O filme de Fonda era muito pequeno e o de Weaver era muito de ''gênero'', as duas provavelmente foram as últimas colocadas daquele ano.

Turner perdeu o Globo de Ouro de Comédia/Musical simplesmente por já ter vencido nos dois anos seguintes, fora que ela estava de frente com uma das estrelas favoritas da premiação (Spacek) em um filme bem água com açúcar. Porém, o sucesso de ''Peggy'' e a campanha de Coppola para com ela posicionaram a atriz como a favorita pouco antes das indicações saírem. O que Turner não contava era com o machismo da Academia interferindo em sua vitória. No momento que saíram as indicações, a felicidade do time de ''Children of a Lesser God'' foi enorme, era o primeiro longa indicado a Melhor Filme dirigido por uma mulher.... mesmo que a diretora tenha sido a única esnobada da categoria diante dos 4 demais homens que tiveram seus filmes também indicados a Melhor Filme. No lugar de Randa Haines, eles indicaram David Lynch por ''Blue Velvet''.

Isso causou um burburinho tão grande que a narrativa para premiar Matlin foi simplesmente inevitável. Se ela já tinha uma vitória nos Globos, mesmo que não tão relevante, utilizar a mulher que dá a cara ao filme esnobado por um ato de misoginia clara foi a melhor resposta que puderam fazer para tentar reparar o erro corrigido. E quando Willam Hurt, então namorado de Matlin, leu seu nome do envelope, nasceu ali dois fatos até hoje inquebráveis da história do Oscar. E se mesmo que o cinema não tenha dado tantas oportunidades para a jovem Marlee, ela soube tirar o proveito de seu prestígio fazendo inúmeras aparições em tv (A atriz tem 4 indicações ao Emmy), teatro e sendo uma das maiores ativistas para os surdos na indústria. Exemplo a ser seguido que chama, né?

Abaixo, meu ranking:

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Vingadores: Guerra Infinita


Não sou dos maiores fãs da Marvel e suas produções cinematográficas, mas é inegável que mesmo pasteurizando seus trabalhos para manter o nível, eles foram capazes de - quase - sempre entregar produtos ao menos dignos, nessa nova e grandiosa aventura do maior grupo de heróis do cinema a história não é diferente.

Em ''Vingadores - Guerra Infinita'' tudo que o ''Universo Marvel'' construiu nos cinemas desde sempre culmina numa épica batalha contra o maior dos maiores, Thanos. Aliás, começar esse texto falando de Thanos é algo necessário. Se tem algo que sempre caia por terra nos filmes do universo era a falta de arqui-inimigos dignos dos heróis que os enfrentavam. Em muitas vezes eles eram extremamente genéricos ou uma completa farsa. No caso do tirano intergaláctico, o roteiro revela uma ideologia crível e que percorre uma linha muito tênue entre a indignação e a compreensão para os planos do mesmo. Thanos é a peça central e motriz do filme, sendo explorado da forma mais correta possível pelo roteiro e ancorado por uma performance de captura de movimento/dublagem muito assertiva de Josh Brolin. Impedido de se tornar mais um estereotipo, o grande recebe uma forte dimensionalidade, criando cenas tão bonitas e poderosas quanto todas as que ele divide a tela com Gamora.


Um dos maiores temores com relação ao longa era a quantidade, mesmo que necessária, de heróis que teriam na trama. Será que todos seriam bem utilizados? Soaria como um desperdício? Será que todos brilhariam? Pois então, o resultado final é bastante positivo, na medida do possível. Existem personagens (Viúva Negra, por exemplo) que mal aparecem em cena ou possuem diálogos, mas isso não é um demérito porque até eles conseguem ter momentos marcantes no filme. A dinâmica dos personagens que mais aparecem em tela é um pouco alterada. Enquanto os usuais Homem de Ferro e Thor tomam a dianteira, eles precisam dividir muito o espaço com o Doutor Estranho e os Guardiões da Galáxia. Isso permite que uma nova visão enquanto grupo, devido a inevitável aposentaria dos antigos Vingadores, seja presenciada pelo público, assim como cria uma dinâmica muito bem feita entre todos os personagens que precisam se conectar.

Para isso, o elenco mostra todo o carisma e empatia necessária e que consolidou cada um deles no imaginário pop nos últimos anos. Por mais que eu não aguente mais o Robert Downey, Jr., por exemplo, é inegável que ele É o Homem de Ferro. Se os três Chris (Evans, Hemsworth e Pratt) não são lá excelentes atores, eles se apropriam muito bem das personagens tão cativantes de seus personagens. E assim vai com todo o resto em cena. E esse é um aspecto muito importante para que nós, espectadores, sejam capazes de construir um laço com todos eles e sentir tudo que eles precisam passar, da alegria à tristeza.


O filme, como um todo, tem toda a essência de ''evento'' e ''espetáculo'' que se espera de uma produção desse nível. Grandes e otimamente coreografadas sequências de luta, momentos de puro êxtase (o principal deles pertencendo ao Thor) e também poderosas e emocionantes cenas (Wanda </3) devido a escala de tudo que se desenrola em cena.

Obviamente, nem tudo são flores, e algumas decisões de roteiro soam fáceis, mas como o longa não termina por aqui, veremos como tudo se justifica em sua parte final. Ah, a cena final, se tirada toda e qualquer problemática ''off-screen'', é singela e muito tocante. Um momento raro em meio a tantos murros, tiros e poderes feitos durante toda a projeção, mas que exprime e sintetiza muito do tema, e discurso, empregado pelo filme.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Melhor Atriz 1940 - Adivinha quem dançou conforme a música?


Após terminar a corrida dos 4 Oscars de Katharine Hepburn, decidi que meu próximo passo nessa maratona seria avaliar as ganhadoras que não receberam mais nenhuma indicação ao Oscar além de suas vitórias na categoria principal. Três delas eu já fiz anteriormente, foram elas: Judy Holliday (50), Halle Berry (01') e Brie Larson (14). Faltam algumas, não revelarei quantas, mas saibam que são poucas, mas quase todas em corridas bem marcantes. Começo então com a vitória da rainha dos musicais: Ginger Rogers.

A corrida de 1940 é uma das mais badaladas com relação a ''injustiça''. Acho que todas as pessoas que escavarem um pouco a história do Oscar sempre vão se pegar na corrida que ''Rebecca'' venceu Melhor Filme, mas seu diretor (Alfred Hitchcock) e sua protagonista (Joan Fontaine) saíram sem nada. E porquê a derrota de Fontaine foi surpresa? E porque ela ocorreu? Bem, veremos...

Joan Fontaine é tudo que a categoria mais ama e preza: ela era uma atriz jovem, na época foi uma das se não a mais jovem a concorrer em Melhor Atriz, em um filme sensação com um estrelado totalmente esperando por ela. ''Rebecca'' foi o grande sucesso do ano, tanto de bilheteria quanto de crítica. Fontaine era a irmã mais nova de uma atriz já com um nome estabelecido em Hollywood, Olivia de Havilland, mas ainda tinha poucos créditos em atuação em seu favor. Então, imagine só o frisson que sua atuação causou em um filme tão emblemático para a época.

A vitória de Ginger Rogers soa um pouco como uma incógnita. Porém, não é tão assim, né verdade? Rogers já tinha mais de uma década em Hollywood, responsável por revolucionar o gênero musical ao lado de Fred Astaire e era muito popular. Ela entraria em uma década de maior sucesso ainda nos anos 40 e em ''Kitty Foyle'' ela faz algo que rende muitos louros a qualquer ator: ''play against the type''. Ou seja, uma atriz tão comumente associada com musicais fazendo um drama babado? Oscar nela! O filme por si fez um sucesso bom na bilheteria, estava indicado em outras categorias fortes como Melhor Filme e Diretor e até o vestido da protagonista virou uma sensação na ''cultura pop'' americana. Juntando todos esses aspectos, não é tão difícil de entender porque Miss Rogers venceu aquela estatueta.

As demais indicadas eram ninguém menos que Bette Davis e Katharine Hepburn em duas de suas performances mais aclamadas em ''The Letter'' e ''The Philadelphia Story'', respectivamente, mas ambas eram vencedoras ''recentes'' e pouquíssimas chances tiveram. E também Martha Scott por ''Our Town''.

Abaixo, meu ranking:

domingo, 15 de abril de 2018

Melhor Atriz 1981 - É recorde histórico que você quer @?


Até a corrida de 1981, Katharine Hepburn dividia o recorde de mais Oscars por atuação com Ingrid Bergman e Walter Brennan, cada um com três estatuetas. Até hoje somente mais três atores chegaram a esse clube: Jack Nicholson em 97, Meryl Streep em 2011 e Daniel Day-Lewis em 2012. Porém, Hepburn foi lá e quebrou um recorde até hoje jamais igualado: vencer por quatro vezes um Oscar de atuação, todas na categoria de protagonista, um feito ainda mais incrível.

As queridinhas da crítica, por assim dizer, foram deixadas de lado pela total falta de força de seus filmes. Glenda Jackson venceu o circuito de New York e o National Board of Review pela sua atuação em ''Stevie''. O filme teve uma vibe ''Isadora'', de 68, em seu lançamento: Foi passado em Los Angeles em 1978, o que gerou uma indicação ao Globo de Ouro, mas foi uma exibição tão curta que ninguém mais viu. Três anos depois, o filme foi lançado em New York e conseguiu ser abraçado pela crítica, mas sem um empurrãozinho dos Globos, Jackson se viu esnobada da line-up final. Quem também foi abraçada pela crítica americana foi a nossa incrível Marília Pêra em ''Pixote, A Lei do mais Fraco'', um drama de Hector Babenco que arrebatou na época, Pêra venceu Boston e o famoso National Society, mas o filme era muito ''underground'' e não conseguiu qualquer tração para os grandes prêmios.

Entre as atrizes mais famosas, Sissy Spacek em ''Raggedy Man'' também foi esnobada mesmo sendo a atual vencedora e tendo recebido uma indicação ao Globo de Ouro. Outra ganhadora recente, Sally Field, se viu ofuscada pelo seus colegas de cena, Paul Newman e Melinda Dillon, e acabou sendo a única do filme ''Absence of Malice'' a ficar de fora na manhã das indicações ao Oscar. No lugar das duas, o Oscar preferiu ir, pela última vez, com Marsha Mason em ''Only When I Laugh''.

Em uma manhã de indicações históricas, três filmes foram indicados ao famoso ''Big Five'', que são as categorias de Filme, Diretor, Ator, Atriz e Roteiro. As três atrizes eram a veterana Katharine Hepburn (''On Golden Pond''), a também recente vencedora Diane Keaton (''Reds'') e a novata Susan Sarandon (''Atlantic City''). A última indicada, e favoritíssima ao prêmio, era ninguém menos que Meryl Streep na adaptação de ''The French's Lieutenant's Woman''.

Na noite do Oscar, mesmo estando em sua quarta indicação sem vitória, Mason apenas figurava na corrida. O mesmo ocorreu com Sarandon, ainda muito nova e fortemente ofuscada pela performance de seu colega, mais famoso, Burt Lancaster. Hepburn, assim como Sarandon, se viu em meio a uma campanha fortíssima para que seu contraparte masculino, o lendário Henry Fonda, ganhasse o seu tão sonhado Oscar. A própria filha do ator, Jane Fonda, trabalhou muito pela vitória do pai (e também de si mesma rs), mas meio que deixou Hepburn de lado visto que a mesma já tinha três Oscars em casa. Keaton era considerada um ''distante segundo lugar'' na corrida, mesmo tendo ganho menos de cinco anos antes, a performance totalmente dramática da atriz foi vista com bons olhos e a força de seu filme a posicionou bem.

Porém, Meryl Streep fazia um filme um papel muito difícil, já se estabelecia como uma das promessas da atual década e teve muito apoio da indústria, tendo vencido até o Globo de Ouro em Atriz Drama. Só que não adianta precursor porque quando o Oscar não quer seguir a maré. Ao premiar Hepburn (junto de Henry Fonda), a Academia surpreende a todos e cria um momento histórico, até hoje inalcançado.

Engraçado que logo Streep, em sua primeira indicação em Melhor Atriz, tenha perdido para Hepburn, visto que seria ela mesma a quebrar futuramente o recorde de indicações pertencentes a Katharine. O que fica a dúvida: será que um dia ela também quebra, ou ao menos empata, o recorde de vitórias? Só o tempo dirá. Até que isso ocorra, Katharine Hepburn segue soberana sustentando um recorde que já está para completar quatro décadas. Icônica. Rainha. Deusa.

Abaixo, meu ranking:

segunda-feira, 9 de abril de 2018

''A Noviça Rebelde'' (2018) - O Show de Malu Rodrigues


''A Noviça Rebelde'' é o musical de maior bilheteria (quando ajustado o valor da inflação) da história do cinema e a adaptação seguiu fielmente o trabalho original do teatro. Logo, é de se imaginar que uma obra tão presente da mente de tantas gerações seja adaptada de forma fiel e muito bem feita quando decidem fazer uma nova versão, certo? Pois é, isso não é o que acontece na nova produção que está, atualmente, no Teatro Renault.

A essência do musical mais famoso do duo Rodgers and Hammerstein é uma mistura de classe e ingenuidade que permeiam por completo sua protagonista e sua proposta sonora. No entanto, na montagem atual, feita pela famosa dupla brasileira Moeller e Botelho, o texto utiliza muito fortemente de um humor crasso que, simplesmente, não cabe ou condiz com a peça em questão. Cenas que envolvem piadas de cunho duvidoso ou ''gags'' cênicas nada interessantes são repetidamente utilizadas em ambos os atos da peça gerando risadas fáceis sem se lembrar do nível do material que envolve ''Noviça Rebelde''.

O design de set é um erro em sua maior parte. Não existe qualquer tipo de pompa na composição cênica. A casa tão imponente dos Von Trapp é reduzida a uma escada, um pequeno sofá e projeções. As projeções, aliás, são muito bem utilizadas nas cenas do convento. Infelizmente, não temos tantas cenas lá e o palco do Teatro Renault se vê, mais do que merecia, completamente vazio pela maior parte da peça.


Como nem tudo são erros, preciso exaltar que as traduções das canções. Todas estão bem adequadas ao estilo original, assim como bem direcionadas ao público brasileiro. E isso me leva ao ponto pelo qual essa montagem vale a visita: Malu Rodrigues. A atriz, tão nova ainda, pega um personagem tão difícil, mas o faz com muita destreza. Maria precisa ser ingênua, mas nunca boba, ela é vivida, alegre e muito perspicaz. Além disso, para viver Maria a atriz precisa ter um carisma suficiente para ter a plateia sempre com ela, além de uma belíssima voz. Tudo isso é encontrado no trabalho de Malu, ela canta e encanta, basicamente, desde o começo. E toda vez que ela precisa contracenar com as crianças, seu talento fica ainda mais evidente, o que acaba rendendo os melhores e mais genuínos momentos da produção.

Do resto do elenco adulto, existe um mix de sentimentos. Alessandra Verney e Gottsha estão excelentes em seus papéis de Baronesa e Madre Superiora, respectivamente. Gottsha, aliás, tem o grande número musical da produção ao deixar todos boquiabertos quando canta a versão de ''Climb Ev'ry Mountain'' durante a finalização do primeiro ato. Gabriel Braga Nunes, no entanto, não canta nada e ainda tem uma atuação nada interessante. É uma composição sem qualquer inspiração, quase que um resumo de tudo que vi do ator, que me leva a perguntar o que Maria viu no Capitão para fazê-la se apaixonar.


O elenco infantil é mais equivalente. Todas as crianças Von Trapp são bem carismáticas, cantam bem em coro e acabam ganhando pela presença e carisma, incluindo a tão falada Larissa Manoela. A jovem estrela adolescente canta bem e consegue captar, mesmo que não completamente, a essência de Liesl. Tanto que em seu dueto com Diego Montez, o Rolf, ela o ofusca por completo. E dele só consigo lembrar da desafinada clara no meio da canção.

Deixei para falar de Marcelo Serrado como Tio Max separadamente porque ele é, ao meu ver, a essência do erro básico dessa montagem. E não, não estou criticando a atuação do mesmo que é bem em sintonia com o que está no palco. Porém, por mais que consiga risadas fáceis do público, Serrado e seu personagem mais parecem ter saído de uma esquete de Zorra Total do que de um musical clássico dos anos 50. Isso nunca soa como um erro do ator, mas totalmente da concepção dos diretores da peça.  Uma pena, ele e todos nós que pagamos tão caro por essas revisitações de obras tão canônicas, merecíamos muito mais.

sábado, 7 de abril de 2018

Melhor Atriz 1968 - Duas Rainhas para uma Coroa


Uma das corridas mais famosas da categoria do Oscar é a de 1968, o único ano que Melhor Atriz resultou em um empate... totalmente inesperado. A vitória divida entre a estreante Barbra Streisand e a, então, atual vencedora Katharine Hepburn é um marco por ser um dos poucos empates registrados em toda a história da Academia. E toda a história por trás dessa corrida é uma delícia, vamos relembrar?

A favorita inicial da corrida era Joanne Woodward em um papel nada convencional no primeiro filme dirigido por Paul Newman, seu marido e um dos maiores astros da história de Hollywood. ''Rachel, Rachel'' pegou muitos de surpresa por ser tão bom, algo que não era costume de atores que se tornavam diretores. Woodward foi uma das duas queridinhas da crítica no ano, vencendo o circuito de ''New York'' e ''Kansas'', além de ser segundo lugar no ''National Society''. Coroando seu status de favorita, a atriz ganhou também o ''Globo de Ouro'' de Melhor Atriz em Drama. Ao mesmo tempo a novata Streisand se via em uma enorme crescente. Seu filme, ''Funny Girl'', era um dos grandes hits do ano, ela estava refazendo o papel que a fez famosa na Broadway e já estava se tornando uma grande cantora para além dos palcos. A corrida estava traçada entre as duas.

Porém, o twist: ''Rachel, Rachel'', mesmo vencendo Melhor Diretor no Globo de Ouro, foi esnobado na categoria no Oscar. Foi O bafo da temporada e Woodward não ficou calada, ela deu várias declarações que ficou abalada e achava injusto o marido ter sido deixado de fora. Essas declarações foram cruciais para que sua campanha fosse prejudicada. Enquanto isso, ''The Lion in Winter'' acabou sendo um dos grandes indicados daquela noite, com a performance dos dois protagonistas elevados aos céus. O mesmo aconteceu com ''Funny Girl''.

Outro baque nas indicações foi a esnobada de Mia Farrow por ''O Bebê de Rosemary''. O filme, mesmo de gênero, prometia uma indicação certa a atriz, mas em uma jogada de estúdio muito crucial, Vanessa Redgrave acabou entrando por ''Isadora''. O filme de Redgrave quase não era elegível pra o ano, passou apenas em Los Angeles e no fim de dezembro, mas com muito marketing incisivo nas pessoas certas, a atriz acabou abocanhando a indicação de Farrow. Só para reiterar como, basicamente, ninguém viu o filme, ''Isadora'' foi elegível e indicado em vários prêmios da crítica em 1969 porque só foi lançado em Nova York e outras cidades no ano seguinte.

A outra indicada da noite foi Patricia Neal, mas sua indicação não era tão surpresa assim. A atriz, vencedora uns anos antes, era uma verdadeira vitoriosa. Neal teve um aneurisma e ficou um mês em coma, tempo suficiente para ela ter que precisar reaprender a falar e andar. Sua indicação por ''The Subject was Roses'' foi vista com grande bravura e ela até deve ter levado uns votos por simpatia.

No dia da cerimônia, Streisand era a favorita, mas muitos ainda acreditavam que a performance dramática de Woodward venceria. Porém, quando Ingrid Bergman abriu aquele envelope...


E ao anunciar a vitória de Streisand e Hepburn, um momento épico foi cravado na história da Academia. Uma pena que Hepburn não estava ali, uma foto das duas seria absurdamente icônico. O que muito se fala sobre esse empate é o fato de que Streisand se tornou votante naquele mesmo ano devido a arranjos internos, mesmo sem ter feito nada no cinema até então. Caso ela não tivesse feito isso, provavelmente o Oscar seria só de Hepburn. Mas o mundo é dos espertos, né mores?


Até hoje é difícil saber porque Hepburn venceu naquela noite, afinal ela tinha acabado de ganhar e não tinha ''buzz'' algum, mas como hoje ''Leão'' é uma de suas performances mais lembradas e aclamadas, pode ser que os votantes tenham pensado um pouco a frente do seu tempo, né verdade?

Abaixo, meu ranking de uma seleção que foi realmente sensacional, sem ninguém abaixo da média:

segunda-feira, 2 de abril de 2018

''Peter Pan - O Musical'' : A Terra do Nunca é bem ali!


''Peter Pan'', famoso personagem criado por J. M. Barrie, está vivo na imaginação popular muito fortemente por causa da animação da Disney dos anos 50. O que muitos não sabem é que sua versão para os palcos, em formato de musical, saiu um ano após o filme e não possui qualquer ligação criativa ou financeira com o filme da produtora do Mickey Mouse. Com música de Mark Charlap e letras de Carolyn Leigh, o musical foi um grande sucesso na Broadway e, comprado pela NBC, se tornou o primeiro a ser passado na televisão americana, em cores!

Em 2018, uma nova versão chega ao Brasil no Teatro Alfa trazendo toda a magia e dinâmica dos trabalhos americanos em uma produção bem acertada que serve como um ótimo entretenimento para toda a família. ''Peter Pan'', em sua essência, é um musical com um foco claramente infantil, e a direção de José Possi Neto não foge disso em momento algum. Porém, o diretor saber preencher o palco, manter atenção e criar momentos suficientes para valer a noite (ou a tarde) no teatro.



Apoiado por um design de cena muito colorido e engajado no aspecto lúdico para fisgar a imaginação infantil, o musical está sempre em movimento mesmo durando quase 90 minutos somente no primeiro ato, tempo que não senti pesar em momento algum na narrativa da peça. Nem tudo nas escolhas estéticas são flores, a utilização do crocodilo soa não efetiva e os cabos segurando os atores estão bem expostos, por exemplo, mas as projeções da Terra do Nunca e a entrada do barco do Capitão Gancho mostram uma sábia escolha visual pelos olhos do diretor em conjunto com seu time técnico. A cena de entrada do segundo ato (''Uga-Uga'') é o auge da peça, durante quase 10 minutos a tribo dos Meninos Perdidos e os Índios fazem um número de dança que é de tirar o folego e aplaudir de pé, totalmente sensacional e que me deixou assim quando o elenco terminou:


A trilha original, convenhamos, não é super memorável, mas a adaptação das letras (por Luciano Andrey e Bianca Tadini, quem também faz a Wendy) são bem fiéis e capazes de entreter, ao menos durante a peça, o público com rimas gostosas de ouvir. Aliás, falando em ouvir, embora tenha um comando de palco muito forte, ao simular uma voz cartunesca, fica difícil entender tudo que sai da boca de Daniel Boaventura. O ator é um excelente Gancho até mesmo quando resolve sair do personagem e brincar, diretamente, com a plateia, mas nem sempre conseguimos entender todas as palavras que ele canta, não que isso realmente afete seu produto final para mim.



O elenco todo é muito interessante, mas é preciso destacar o trabalho que o jovem Mateus Ribeiro, de apenas 24 anos, faz durante toda a peça. Ele canta, dança, pula, gira e encanta toda a plateia com um papel que sempre foi de uma mulher nas produções mundo afora. Porém, não dá para reclamar do que o ator faz aqui, ele se mostra um verdadeiro acrobata em cena com um charme absurdo e carisma para dar e vender. É o tipo de performance que cativa o suficiente para que você queira saber mais sobre o ator, e se nesse ritmo ele seguir, terá uma belíssima carreira pela frente.

Por fim, mesmo com umas, pequenas, decisões que fazem você levantar a sobrancelha, essa versão do musical é um exemplo claro que, mesmo sem querer, qualquer um pode voltar a ser criança um dia, é só liberar um pouco a mente e aproveitar essa jornada para a encantada Terra do Nunca.



sábado, 31 de março de 2018

Melhor Atriz 1967 - Um Luto feito de Ouro


Em 1967 parecia que a corrida tinha um caminho certo: a vitória de Dame Edith Evans. A senhora britânica, indicada duas vezes na mesma década em coadjuvante, virou a sensação da crítica por sua performance em ''The Whisperers''. Evans começou a jornada pela vitória com o prêmio de Melhor Atriz em Berlim, lá pelo meio do ano. A atriz venceu os mais importantes prêmios da crítica até então (New York e o National Board Review) e foi uma segunda colocada muito próxima de Bibi Andersson em ''Persona'' no também prestigioso ''National Society''. No Globo de Ouro e no, não tão importante (naquela época), BAFTA também tivemos Evans se sagrando vencedora.

Porém, na noite do Oscar a atriz, até então a mais velha indicada na categoria, viu sua vitória voar para as mãos de ninguém menos que Katharine Hepburn. A pergunta é, porque? Bem, infelizmente, o filme de Evans era menos ''comercial'' do que o esperado, fazendo com que ela fosse a única indicação do mesmo. Dessa forma, sem qualquer suporte de mais ''branchs'' da Academia, a britânica acabou sucumbida pelos pontos fortes que favoreciam a vencedora da noite.

Para os que não sabem, Hepburn e Spencer Tracy formaram, mesmo que informalmente, um dos casais mais famosos da história de Hollywood. Os dois fizeram quase 10 filmes juntos e ''Adivinhe Quem Vem para o Jantar'', o filme que indicou ambos naquele ano, foi justamente o último. Tracy morreu apenas duas semanas após a finalização das filmagens e, quando lançado, o filme acabou gerando um grande furor por isso. Não só ''Jantar'' tratava sobre um tema tão tópico de sua época (casamento inter-racial), mas Tracy era uma das figuras mais amadas da indústria. Um exemplo disso, é que ele é um dos dois únicos atores a vencer Oscars seguidos (o outro é Tom Hanks), e até por isso, os votos de ''simpatia'' não foram para ele, visto que não era como se existisse alguma divida para com o ator.

Porém, a oportunidade de premiar sua grande amada em um filme tão abraçado pela Academia no último projeto deles juntos (que Hepburn afirmou jamais ter sido capaz de assistir) e 34 anos após a única vitória de uma das maiores atrizes vivas? Foi uma saída muito fácil, sentimental - e errada, mas é bem o que deve ter ocorrido naquela fatídica corrida.

As demais indicadas não tinham qualquer chance: Anne Bancroft por ''The Graduate'' deve ter um dos personagens mais icônicos do cinema, mas tinha vencido pouco tempo antes e houve muitos burburinhos que nem protagonista ela era. Audrey Hepburn por ''Wait Until Dark'' também não teve apoio na recepção de seu filme e alguns achavam que ela deveria ter sido indicada por ''Two for the Road'', uma comédia também lançada em 1967. E Faye Dunaway por ''Bonnie and Clyde'' foi um belíssimo quinto lugar visto que era basicamente seu primeiro ano na indústria e o filme, hoje um clássico, foi bem controverso na época.

Dentre as esnobadas, foi bem comentado o fato de que Julie Andrews ficou de fora por sua performance em Thoroughly Modern Millie. Um filme que fez muito dinheiro, recebeu muitas indicações ao Oscar e ocorreu poucos anos após Andrews fazer a dobradinha ''Mary Poppins'' e ''The Sound of Music''. Porém, até pela idade de Andrews, a Academia preferiu brecá-la de uma nova indicação tão rapidamente.

Abaixo, meu ranking: