sexta-feira, 25 de maio de 2018

Melhor Atriz - 1953: A Princesa e o Careca Dourado


Interrompendo a programação de vencedoras com apenas uma indicação, nesse post vou falar da vitória de uma das maiores estrelas de toda a história de Hollywood: Audrey Hepburn. A vitória de uma das atrizes mais carismáticas e populares se deu em um ano, digamos... mais ''light''. Nenhuma de suas concorrentes fazia o perfil ''dramalhão'' que tanto preencheu a categorias em outros tantos anos e isso acaba refletindo na própria vitória de Audrey, que foi pela clássica comédia romântica ''Roman Holiday''.

Dentre as concorrentes como um todo, três delas eram basicamente novatas na indústria. A própria Audrey estava sendo lançada ao estrelato pelo seu filme, tendo pouco mais de 2 anos de carreira no cinema. Leslie Caron, que fez seu debut também dois anos antes no vencedor de Melhor Filme ''An American in Paris'', estava em seu terceiro longa quando conseguiu a indicação por ''Lili''. E Maggie McNamara foi indicada por ''The Moon Is Blue'', seu primeiro filme nas telonas. As veteranas daquele ano eram as lendárias Deborah Kerr em ''From Here to Eternity'' e Ava Gardner em sua única indicação na carreira por ''Mogambo''.

Enquanto que as veteranas poderiam ter se saído melhor, Kerr não é nem a principal coadjuvante em seu filme, daqueles casos que só foi indicada pela força do filme e ainda de forma fraudulenta pelo nome que tinha. Gardner deve ter sido a maior ameaça a Hepburn, a atriz já tinha um bom tempo de indústria e ela é bem proeminente em seu longa, mas o filme de John Ford não se conectou muito bem com os votantes da Academia, rendendo apenas duas indicações. Além disso, reputação de Ava ainda era muito que sua estonteante beleza era superior a seus dotes como atriz, o que deve tê-la prejudicado na corrida.

O filme de Hepburn foi um enorme sucesso de bilheteria e estava indicado nas principais categorias da noite como Melhor Filme e Melhor Diretor, coisa que suas colegas de categoria não podiam dizer o mesmo. Sendo a novata melhor posicionada e realmente em um filme que já nascia clássico, Hepburn venceu o careca dourado e com quase 25 anos se tornava, então, a terceira mulher mais jovem a vencer o prêmio. Audrey viria a receber mais 4 indicações em sua carreira e se tornaria uma lenda na indústria do cinema, sempre escolhendo projetos a dedo e envelhecendo com um status quase mitológico. Ela também se tornaria uma das seletas pessoas a vencer o EGOT, que são os 4 maiores prêmios (Emmy, Grammy, Oscar e Tony) das 4 maiores indústrias do entretenimento americano. Uma verdadeira rainha, né verdade?

Abaixo, meu ranking:


5º Lugar: Deborah Kerr, From Here to Eternity (A Um Passo da Eternidade)

Kerr é mais um exemplo de atriz com tanto nome que jamais se ''submeteria'' a ir como coadjuvante em plena época de ouro de Hollywood. Sua personagem é mais coadjuvante que a própria vencedora de coadjuvante do filme (Donna Reed). Sua atuação, claro, é muito bem feita e ela tem ótimos momentos, mas sua fraude é tão clara que fica impossível de colocá-la acima.


4º Lugar: Leslie Caron, Lili (idem)

Caron é uma daquelas estrelas de musicais que se encaixam na expressão ''famosa, mas nem tanto''. Estreou em ''Um Americano em Paris'' e até hoje está vivíssima. Sua única indicação na carreira veio por um ''Lili'', um filme que define bem as personas que Caron incorporou em quase toda a sua vida.

A atriz faz uma personagem ingênua que a medida que a trama vai seguindo, se torna mais esperta. É uma performance muito baseada no carisma que Leslie consegue conferir a personagem, que facilmente ganha nossos corações durante toda a exibição do longa. É memorável? Não tanto, mas é um amorzinho bem sincero.


3º Lugar: Maggie McNamara, The Moon is Blue (''Ingênua até Certo Ponto'')


McNamara é um daqueles casos que prova que ser indicada ao Oscar não te dá uma carreira, a atriz fez apenas mais três após esse debut na telona e morreu bem jovem, aos 49 anos.

Isso, claro, não quer dizer que sua atuação seja menos que excelente. A performance da atriz foi uma das mais surpreendentes da seleção, visto que a mesma precisa explorar a intuição, ingenuidade e perspicácia da personagem de forma quase uníssona. E ela o faz rente a veteranos (William Holden e David Niven) sem perder o brilho e a inteligência necessária para transformar a sua personagem em algo real, e não um mero cartoon. Realmente incrível.


2º Lugar: Ava Gardner, Mogambo (idem)

Gardner foi uma das maiores, e talvez a mais bela, estrela de Hollywood. E por esse fato sempre carregou o estigma que sua beleza era maior que seu talento. E até pode ser que sim, tamanha a sumidade de sua beleza em tela, mas uma coisa não se pode negar: sua atuação nesse filme de John Ford é uma força da natureza, explicitando bem tudo que a mesma tinha de melhor.

Gardner interpreta uma protagonista inteligente, crível e bastante ciente de toda as situações que precisa viver. Ela não é uma mocinha clássica da época, ela é uma mulher muito esperta e a atriz utiliza de todo o encantamento capaz que é capaz de exprimir de seus olhos para fazer com que você sempre torça por ela, e quando ela não está em cena, sinta sua falta. É uma atuação tão bem realizada que, por vezes, ofusca até sua coadjuvante no filme, a novata e também indicada, Grace Kelly. Se tivesse vencido, eu não reclamaria nenhum um pouco. Excelente.


1º Lugar: Audrey Hepburn, Roman Holiday (A Princesa e o Plebeu)

Quero que todos olhem para esse belíssimo rostinho e me digam como é possível não se render aos encantos de Miss Hepburn? Exatamente, não tem como. Uma das atrizes mais lendárias e altivas de Hollywood, Hepburn já chegou colocando o pé na porta da frente. Na trama de William Wyler, Audrey é uma princesa inconformada com a vida que tem e aproveita um momento de descuido para viver boas aventuras.
Exatamente, você já deve ter visto esse filme diversas vezes com outras pessoas, mas ''Roman Holiday'' é um marco no gênero da comédia romântica e mesmo em 2018 ainda enche os olhos de qualquer espectador que tenha um pouco de paixão no coração. Hepburn é daqueles raros casos de atrizes que a ''câmera sorri para ela'', nós sentimos muito sua falta quando a trama se volta para o ótimo Gregory Peck, é como se ela atraísse todos os olhos para seu encantador e vivíssimo rosto. 

Fora isso, Hepburn ainda consegue dar estofo a personagem para que a mesma não se passe por mimada ou soe impossível de ser palatável. É uma atuação muito focada em carisma e star quality, mas muito bem orquestrada para, em pequenos momentos, mostrar o futuro da atriz. O ouro aqui, especialmente nessa seleção, foi certeiro!

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