quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

REVIEW: Django Livre - Tarantino sendo Tarantino, em todos os sentidos.





Tarantino deve ser o cineasta mais festejado da atualidade, mesmo que uns (poucos) o considerem superestimado, a grande parcela cinéfila e a critíca em geral acham que ele é um dos maiores da atualidade. Pessoalmente eu nunca vi um filme ruim (enquanto diretor) de Tarantino, aliás, nunca vi um filme menos que bom (desconsiderem aquela diversão nada pretenciosa chamada 'A Prova de Morte') e o cara sabe como poucos criar personagens e situações não menos que épicas, fora que ele tem um timing para estilo que é pura sofisticação. 

Ao terminar a minha sessão de ''Django Livre'' (Django Unchained, 2012) eu fiquei me perguntando o que faltava para poder bradar ao mundo que o novo filme de Quentin Tarantino era excepcional, uns dois dias depois eu ainda não tinha a resposta para a minha pergunta, uma semana depois... eu acho que a encontrei. Django deve ser o filme mais auto-indulgente do ano, não estou de brincadeira não, para mim fica claro que Tarantino sabe onde errou, sabe que pecou em excessos, mas como ele é o Tarantino, isso ficou assim mesmo e não pensou em remediar essa situação nem por um momento.

Claro que Django é um bom filme, não é só bom, é muito bom, mas poderia ser muito melhor. Tarantino se vê, pela primeira vez, sem Sally Menke, a sua montadora (ou editora) oficial desde sempre, e parece que Fred Raskin não estava tão claro quanto ao que precisava ser feito nesse trabalho. São demasiadas cenas em que tomadas foram usadas em excesso e que cenas não precisavam estar ali, nesse filme até o cameo de Tarantino é fraco, usado em um final meio perdido e, porquê não dizer, óbvio. Jamais entenderei o porque do romance entre Django e Broomhilda não ter funcionado comigo, ainda bem que isso nunca foi primeiro plano no filme, mesmo que seja a principal motivação do protagonista (sdds Shosanna e a vontade de vingar a família).

Mas nem esse final meio perdido junto a uma montagem cambaleante permitem que Django não mostre a inteligência e sagacidade de Taranta, que se garante com (mais uma vez) personagens maravilhosamente criados e interpretados. Dr. Schultz, Stephen e Calvin são daqueles tipos que só são capazes de sairem da mente de Quentin e o ar - sempre - over the top que os atores dão a eles, é essencial para o filme (aka Lucy Liu em Kill Bill). Waltz está excelente, a reminiscência do Col. quase que inexiste, e mesmo sofrendo do descaso que lhe é conferido no ato final, ainda brilha muito. Jamie Foxx e Kerry Washington não comprometem, mas também não prejudicam. Só que o destaque aqui é mesmo de DiCaprio e L. Jackson como uma dupla perfeita que se completa com a maior vilanidade possível, os enlaçes de Calvin e Stephen são tão bem bolados que me deu até vontade de aplaudir certos momentos.


Tecnicamente o filme é um arroubo dos efeitos de som, passando pela fotografia precisa de Robert Richardson e finalizando nos figurinos deslumbrantes de Sharen Davis. Um elemento a parte do filme é a sua trilha, sensacional em todos os aspectos e pontual (ironica até) em todas as vezes que é usada. Com tantos acertos no filme eu deixo claro que Django merece sim uma conferida (no cinema, se possível) e que mesmo brigando com ''Jackie Brown'' (idem, 1997) como filme menos f*da do Tarantino, ainda é uma excelência em seu fator máximo: entreter e firmar Tarantino como um dos maiores da atualidade, seja de genialidade ou de ego.

Uma sequência: Calvin explica sobre a inteligência do ser humano acompanhado pelo olhar ávido de Stephen e a apreensão de Schultz e Django. DiCaprio cospe o 'overacting' por toda essa cena que é genial em todos os aspectos possíveis.

Cotação: ★ e 1/2.