quarta-feira, 18 de julho de 2018

Migliore Attrice 1961: Sophia Loren faz HISTÓRIAAAAAAA!


O ano de 1961 é completamente icônico na categoria de Melhor Atriz pelo fato de que a vitória da italiana Sophia Loren fez dela a primeira pessoa a ganhar um Oscar por uma performance falada em língua não-inglesa.

Dentre as concorrentes de Loren estavam Geraldine Page em ''Summer and Smoke'' e Piper Laurie em ''The Hustler''. A primeira chegou a vencer o Globo de Atriz em Drama, National Board of Review e tinha indicações prévias, mas por estar em um filme inexpressivo, acabou não tendo muitas chances de vitória. Já Laurie foi muito badalada pelo drama estrelado por Paul Newman, mas a personagem é uma clara coadjuvante e mesmo tendo impacto no final do filme, jamais teria forças de vencer em um ano concorrido como esse.

As duas favoritas eram a jovem Natalie Wood em ''Splendor in the Grass'' e Audrey Hepburn em ''Breakfast at Tiffany's''. Wood se favorecia de alguns fatores, entre eles estava o fato de que a mesma, mesmo jovem, já tinha uma indicação prévia aos 17 anos pelo clássico de James Dean, ''Rebeldia Sem Causa''. Além disso, Wood era a protagonista do grande filme do ano, o músical ''West Side Story'' (Amor, Sublime Amor). A atriz era uma estrondosa sensação e seu filme era dirigido por Elia Kazan, o diretor responsável pela mudança como vemos atuação atualmente.
Hepburn, sem demais explanações, estava fazendo sua atuação mais icônica como a adorável Holly Golightly. O filme, um absurdo sucesso de bilheteria, consolidou Hepburn em uma carreira que já chegava perto de uma década. A atuação de Audrey foi muito aclamada já na época e muitos ficaram chocados com sua derrota no Globo de Ouro em Atriz de Comédia/Musical, mas talvez já fosse um sinal que a nível de prêmios, Hepburn não iria tirar muito coelho daquela cartola.

O que deve ter pesado contra ambas foi a forma como a Academia recebeu ambos os filmes. Embora vencedor de roteiro, ''Splendor'' não foi bem recebido pela crítica e indústria como os trabalhos anteriores de Kazan, isso ficou refletido nas suas duas míseras indicações ao grande prêmio da noite. ''Breakfast at Tiffany's'' já foi mais popular com os ''branchs'' técnicos, mas o que muitos esperavam era que o filme fosse entrar em ''Melhor Filme'' e que Blake Edwards fosse ser reconhecido em ''Melhor Diretor'', mas acabou não rolando.

Tá, mas isso seria suficiente para os membros, absurdamente conservadores, da Academia premiassem uma estrangeira falando italiano? Claro que não. Porém, para mostrar mais uma vez a força de uma campanha bem feita, o marido de Loren (produtor do filme) e, especialmente, o distribuidor americano do mesmo (Joseph E. Levine) se mostraram prontos para que Loren ganhasse o careca dourado. ''Two Women'' foi passado em todas, literalmente todas, as cidades que existia ao menos um votante da Academia e em todas as sessões estava Sophia Loren para responder o que você quisesse sobre o filme. Até dublar a si mesma para o US, ela fez, e divulgaram isso abertamente.

Dois fatores que devem ter ajudado forte na vitória é que Melina Mercouri tinha sido a primeira atriz indicada por uma performance não em inglês um ano antes, e no ano de Loren,  o cinema de Fellini também chegava as grandes categorias do Oscar (''La Dolce Vita'' entrou em Melhor Diretor''). Junte isso a vitória da porto-riquenha Rita Moreno em coadjuvante, também batendo um ícone do cinema como Judy Garland, e a vitória de Loren faz um pouco mais de sentido. Pena que na época a atriz não acreditou e preferiu não ir a cerimônia.

De uma categoria muito boa, aqui está meu ranking:


5º Lugar: Piper Laurie - The Hustler (''Desafio a Corrupção'')

Laurie é meu último lugar por um simples motivo: ela é uma coadjuvante clara em uma seleção muito boa. A atriz está muito bem em cena, é uma grande motivação emocional para o personagem do Paul Newman e termina o filme com um ''bam''. Porém, em meio as outras 4 performances, claramente protagonistas, não dá para colocá-la mais acima.

Essa é a primeira de 3 indicações que a atriz recebeu na carreira, ela nunca venceu.


4º Lugar: Geraldine Page - Summer and Smoke (''O Anjo de Pedra'')

Page, provavelmente, nunca foi uma grande estrela, mas ela sempre foi uma estupenda atriz. Em ''Summer and Smoke'' ela prova, sem sombras de dúvidas, o nível de seu talento até em projetos ''menores''.

Tenho que admitir que o filme parece não dialogar sobre nada atualmente, é como se fosse um longa que não necessariamente envelheceu mal, mas ele simplesmente não parece ser bom o suficiente para alguém ver em pleno 2018. Porém, a presença de Geraldine Page em cena justifica não só a visita, como demonstra que, as vezes, até projetos banais podem sobreviver dado o talento de um ator de verdade. Tudo bem, Meryl Streep?

Page faz uma pessoa que é retraída, mas não tímida, que pensa e age como alguém totalmente alheio ao mundo que deveria pertence. Por obrigações que a vida deu, ela é uma velha no corpo de uma jovem (e a caracterização da mesma arrasa no aspecto) e Page exprime isso muito bem, fora que qualquer um que assiste sua última cena com Laurence Harvey consegue, claramente, constatar o poder que é essa mulher em cena.


3º Lugar: Audrey Hepburn - Breakfast at Tiffany's (''Bonequinha de Luxo'')

Uma das performances mais icônicas do cinema, a quarta das cinco indicações da atriz, Hepburn como Holly é até hoje um dos trabalhos que mais evidenciam o porque a atriz se tornou uma lenda em Hollywood. Audrey utiliza todos os artifícios que possuí para criar uma personagem viva, esfuziante e com muita perspicácia.

E, embora o filme seja bem ''leve'', nos momentos de confusão e tristeza, Hepburn nunca decepciona, quebrando nossos corações em vários pedacinhos e fazendo com que nós sejamos capazes de entender todas as motivações de Holly.

É uma performance tão cativante ao olhar que realmente não me assusta ter perpetuado aos longos dos anos, exemplificando tudo que Audrey representa no cinema. Elegância, charme, carisma e, uma leve, fragilidade.


2º Lugar: Sophia Loren - La Ciocara (''Two Women/Duas Mulheres'')

É inacreditável pensar que no projeto original seria Loren a interpretar a filha da protagonista? Pois bem, era exatamente isso que iria ocorrer. Porém, como um dos objetivos que Sophia tinha na carreira era ser levada mais a sério como atriz, ela conseguiu virar o jogo e o resultado final é uma performance maravilhosa da maior atriz italiana que já pisou nesse mundo.

É de se esperar, pela época e até pela capa, um dramalhão bem novela durante o filme, mas mesmo se passando em plena II Guerra Mundial, o filme tende a escalar a questão sentimental sem extrapolar. Durante o começo, a atriz utiliza de seu absurdo ''star quality'' para firmar Cecira como uma mãe capaz de tudo para proteger sua filha, e isso Loren faz muito bem. Ela se mostra capaz de matar e morrer por ela, e quando chega o ápice do clímax do filme, ela entrega tudo e mais um pouco.

É uma performance crua, corajosa e muito marcante, que só não meu #1 no ranking por pura subjetividade, mas que jamais diminui em nada o talento da atriz e o Oscar vencido.

E engraçado que Loren, assim como Cotillard, viria a receber uma segunda indicação também pela sua língua materna. Ícone.


1º Lugar: Natalie Wood - Splendor in the Grass (Clamor do Sexo)

É impossível ser dirigida por Elia Kazan e não entregar seu máximo, não foi diferente com a jovem Natalie Wood. A atriz, com pouco mais de 23 anos, conseguiu uma indicação que deixava claro seu enorme potencial em cena, conseguindo dominar cada pedaço da tela de uma forma que poucas veteranas conseguem em uma carreira toda.

Como uma garota atormentada por uma mãe nada liberal, Wood se apaixona por um maravilhoso Warren Beatty e dai ela vai do céu ao inferno em uma espiral de emoções que criou cenas poderosíssimas, como a que ilustra esse post e várias da personagem no segundo ato do longa. Acho que a juventude da própria atriz colaborou para que ela fosse tão capaz de exprimir toda a inocência e sofrimento que aquela repressão podem causar a alguém, você assiste o filme realmente sentindo tudo que a personagem passa e o mérito disso, em suma, é dessa estupenda atriz/performance.

O que impressiona ainda mais nesse trabalho de Wood é que no mesmo ano a atriz apareceu bem ok no musical ''Amor, Sublime Amor'', provando que o papel certo e um diretor competente são capazes de trazer a vida atuações marcantes que projetos meia-boca poderiam jamais revelar. Uma pena que a carreira da atriz tenha sido tão curta, baseado em poucas performances dadas em seu auge, a mesma teria se tornado uma das grandes de todos os tempos.



4 comentários:

  1. Gostei. Amo a Geraldine Page,uma pena ela não ter se tornado uma grande estrela. Mas era uma atriz foda demais. Ela em Interiores (faça desse ano!) é uma das minhas atuações favoritas da vida. Mas não curti o shade para com a Meryl.

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    1. Foi só uma piadinha pq a Streep faz muito filme meia boca onde só ela se sobressai rsrs

      E sim, Page foi estupenda!

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  2. Page em Interiotes: melhor da história. Aceita.

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