segunda-feira, 2 de abril de 2018

''Peter Pan - O Musical'' : A Terra do Nunca é bem ali!


''Peter Pan'', famoso personagem criado por J. M. Barrie, está vivo na imaginação popular muito fortemente por causa da animação da Disney dos anos 50. O que muitos não sabem é que sua versão para os palcos, em formato de musical, saiu um ano após o filme e não possui qualquer ligação criativa ou financeira com o filme da produtora do Mickey Mouse. Com música de Mark Charlap e letras de Carolyn Leigh, o musical foi um grande sucesso na Broadway e, comprado pela NBC, se tornou o primeiro a ser passado na televisão americana, em cores!

Em 2018, uma nova versão chega ao Brasil no Teatro Alfa trazendo toda a magia e dinâmica dos trabalhos americanos em uma produção bem acertada que serve como um ótimo entretenimento para toda a família. ''Peter Pan'', em sua essência, é um musical com um foco claramente infantil, e a direção de José Possi Neto não foge disso em momento algum. Porém, o diretor saber preencher o palco, manter atenção e criar momentos suficientes para valer a noite (ou a tarde) no teatro.



Apoiado por um design de cena muito colorido e engajado no aspecto lúdico para fisgar a imaginação infantil, o musical está sempre em movimento mesmo durando quase 90 minutos somente no primeiro ato, tempo que não senti pesar em momento algum na narrativa da peça. Nem tudo nas escolhas estéticas são flores, a utilização do crocodilo soa não efetiva e os cabos segurando os atores estão bem expostos, por exemplo, mas as projeções da Terra do Nunca e a entrada do barco do Capitão Gancho mostram uma sábia escolha visual pelos olhos do diretor em conjunto com seu time técnico. A cena de entrada do segundo ato (''Uga-Uga'') é o auge da peça, durante quase 10 minutos a tribo dos Meninos Perdidos e os Índios fazem um número de dança que é de tirar o folego e aplaudir de pé, totalmente sensacional e que me deixou assim quando o elenco terminou:


A trilha original, convenhamos, não é super memorável, mas a adaptação das letras (por Luciano Andrey e Bianca Tadini, quem também faz a Wendy) são bem fiéis e capazes de entreter, ao menos durante a peça, o público com rimas gostosas de ouvir. Aliás, falando em ouvir, embora tenha um comando de palco muito forte, ao simular uma voz cartunesca, fica difícil entender tudo que sai da boca de Daniel Boaventura. O ator é um excelente Gancho até mesmo quando resolve sair do personagem e brincar, diretamente, com a plateia, mas nem sempre conseguimos entender todas as palavras que ele canta, não que isso realmente afete seu produto final para mim.



O elenco todo é muito interessante, mas é preciso destacar o trabalho que o jovem Mateus Ribeiro, de apenas 24 anos, faz durante toda a peça. Ele canta, dança, pula, gira e encanta toda a plateia com um papel que sempre foi de uma mulher nas produções mundo afora. Porém, não dá para reclamar do que o ator faz aqui, ele se mostra um verdadeiro acrobata em cena com um charme absurdo e carisma para dar e vender. É o tipo de performance que cativa o suficiente para que você queira saber mais sobre o ator, e se nesse ritmo ele seguir, terá uma belíssima carreira pela frente.

Por fim, mesmo com umas, pequenas, decisões que fazem você levantar a sobrancelha, essa versão do musical é um exemplo claro que, mesmo sem querer, qualquer um pode voltar a ser criança um dia, é só liberar um pouco a mente e aproveitar essa jornada para a encantada Terra do Nunca.



Nenhum comentário:

Postar um comentário