sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Precisamos falar sobre Adele






Foram necessários quatro longos anos para que Adele retornasse com uma música inédita de um trabalho de estúdio, mas não deve ser difícil imaginar que depois de se tornar uma espécie de ‘’lenda moderna’’ da música mundial apenas em seu segundo álbum, o excelente ‘21’, o tempo que a cantora precisaria para voltar aos estúdios não seria curto, mas felizmente esse período acabou e finalmente já podemos começar a contagem regressiva pro álbum evento do ano de 2015, ‘25’ chega às lojas no final de novembro, mas a sua faixa título ‘’Hello’’ já revela o que podemos esperar do projeto: Adele fazendo o que sabe de melhor, baladas como só ela sabe cantar.

Se todos esperavam que a cantora voltaria logo de cara com Paul Epworth, produtor de ‘’Rolling in the Deep’’, a mesma foi além e com a inédita ajuda de Greg Kurstin (‘’Chandelier’’, ‘’Stronger’’) lançou a canção ‘’Hello’’, uma pequena amostra do novo álbum. A faixa não reinventa a roda, pelo contrário, bate muito na tecla do sucesso da fórmula da cantora: é uma balada que utiliza de instrumentação ao vivo (nesse caso, o piano) e trabalha o refrão em total crescente, é interessante notar que ela jamais exagera nos vocais, e quando sobe uma nota e utiliza de ''melismas vocais'', já é mais perto do final, ao estilo de outras canções suas como ‘’Set Fire to the Rain’’.

Vale ressaltar que se enquanto produção a canção nova poderia estar no ‘21’, a letra da mesma talvez destoasse do conteúdo lírico do segundo álbum da cantora, Adele não mais chora pelo amor perdido, mas sim pensa, avalia e decide de cabeça em pé que algumas coisas não foram tão bem resolvidas, como tantas em nossas vidas, não é verdade? Sempre falei que o vocal da britânica é seu ponto de distinção em relação a qualquer outro artista, e é no refrão da canção onde podemos perceber um mix de dúvida, raiva e até desapego ao se perguntar no porque aquela pessoa parece não querer mais estar em sua vida, nem que seja pra um papo rápido e maduro, que a singularidade vocal dela se torna algo decisivo para a força dramática da canção que, claramente, grudará na cabeça de qualquer um após uma ou duas ouvidas.

Com a promessa de um cd não sobre corações partidos, mas de autoconhecimento, descoberta, aceitação e começando isso com uma canção que fala de cara ‘’Olá, sou eu’’ é apenas uma prova que ela voltará sendo totalmente fiel a sua alma artística: um pouco envergonhada, mas muito mais confiante, falando do que o público gosta da forma mais pura, honesta e única que a música atual pode oferecer. Pode vir Adele, a gente tá te esperando de mente, braços e coração aberto.

Melhor estrofe: ''I'm sorry, for everything that I've done/but when I call you never seem to be home''