sábado, 3 de fevereiro de 2018

Cinema em 2017: Meus favoritos



Finalmente em minha última lista e quem me conhece sabe que não tem arte que eu aprecie mais do que cinema, fazer esse top foi complicado, mas tentei ser o mais honesto, direto e plural possível. Aproveitei muito minha mudança para São Paulo visto que aqui basicamente todos os filmes conseguem ao menos uma sala, fazendo com que eu visse muita coisa que em Maceió iria precisar esperar o download, e a experiência de ver algo em casa jamais será a mesma coisa que no cinema, né verdade? Entre obras que quase entraram temos ''Divinas Divas'' (foto acima), a animação ''A Tartaruga Vermelha'', a dramédia ''Toni Erdmann'', o drama ''A Criada'' e o documentário ''Eu Não Sou Seu Negro''. Dos piores filmes do ano fico entre a chatice de ''Rodin'', a péssima nova ''50 Tons Mais Escuros'' ou o horror, involuntário, que foi ''Alien: Covenant''. Abaixo a lista, lembrando que faço a mesma baseado nos lançamentos comerciais no Brasil de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro.


10. Uma Mulher Fantástica (Una Mujer Fantastica, Sebastián Lelio): Em um drama sobre uma mulher transexual que busca se estabelecer após a morte de seu namorado, o longa do diretor chileno Sebastian Lelio quebra tudo que você acredita saber sobre filmes LGBT nos inserindo em um mundo ''comum'' dentro do panorama de uma incrível personagem principal que tem sim lugares comuns, porque eles existem, mas que desenvolve camadas que fazem com que Daniela Veja brilhe em cena.


9. Corra! (Get Out, Jordan Peele): Quantos filmes conseguem unir terror, drama, comédia e critica social de uma forma inventiva, e por que não dizer original? Poucos, mas essa é uma façanha que Peele, um famoso comediante americano, conseguiu realizar em seu primeiro projeto enquanto diretor. ''Corra!'' é uma alegoria sobre questões raciais muito bem embrulhada em um filme que mistura e desafia gêneros sem nunca deixar a peteca cair, é um clássico contemporâneo que o tempo só ira confirmar. O elenco está um arraso, Daniel Kaluuya é uma revelação, e a cena da hipnose já nasce icônica.


7. O Estranho que Amamos (The Beguiled, Sofia Coppola): Em um momento de renascimento após uns projetos de fins duvidosos, o remake de Coppola é uma das experiências cinematográficas mais incríveis que tive ano passado. Cena após cena, Sofia dá uma aula de direção criando uma ambientação irretocável e cenas memoráveis, é um trabalho tão visivelmente bem feito que é impossível chegar naquela última cena do filme sem estar em total êxtase. Todo o aparato técnico é um desbunde sem tamanho e o elenco composto basicamente só de mulheres é um estouro em cena, com destaque para um ingênua Kirsten Dunst e uma ferrenha Nicole Kidman.


7. Mulheres do Século 20 (20th Century Women, Mike Mills): Um dos meus maiores amores dos filmes de 2017, é um ''filme vida'', eu poderia ficar mais dez horas com esses personagens de tão cativantes que eles são, Mike Mills podia fazer, sei lá, uma minissérie pra HBO dessa turma e seria lindo demais. O roteiro é lindo (criativo, inusitado, cheio de personagens maravilhosos), o elenco é o melhor do ano junto de Moonlight e até Elle Fanning que tenho birra, me cativou aqui. Ah, Annette Bening dá a performance da vida dela aqui, um verdadeiro show de contenção, algo tão inusitado para uma atriz tão normalmente over.



6. Baby Driver (idem, Edgar Wright): O último trabalho do sempre inventivo Edgar Wright é um dos melhores orgasmos cinematográficos da década, em ''Baby Driver'' temos uma ação instalada desde o primeiro momento do filme que jamais se dilui, a medida que você aceita entrar nesse mundo, é impossível não ficar vidrado em tela. O elenco, fenomenal, ajuda ainda mais na imersão do longa visto que todos estão completamente imersos em seus personagens, e a trilha é nada menos que perfeita. O roteiro consegue até incorporar várias partes de músicas famosas no texto, até ''Hollaback Girl'' da Gwen Stefani, e isso é apenas a cereja do bolo dessa tão surpreendente obra.


5. Bom Comportamento (Good Time, Safdie Brothers): É um filme totalmente ligado no ácido da câmera dos diretores a trilha alucinada, passando pelo roteiro que vai enfiando o pé na jaca cada vez mais até chegar na performance inacreditável de Robert Pattinson. Fiquei extremamente agitado no cinema, sempre achava que a merda iria piorar, e quase sempre era isso que ocorria. E o que falar de  Pattinson, que nunca me desceu, mas aqui está tão sincronizado ao personagem que simplesmente se torna o filme per si, algo na vibe do que Jake Gyllenhaal fez em ''O Abutre'' e Sally Hawkins fez em ''Simplesmente Feliz''. 


4. Jackie (idem, Pablo Larrain): Um filme que quebra os moldes comuns de uma biografia convencional, o longa se trata de um grande estudo de personagem, e talvez seja a melhor saída para contar uma história tão forte no imaginário popular. A utilização, máxima, da ''mise en scène'' no filme gera um virtuosismo estético que dialoga bastante com o tema e o mundo aqui retratado, de forma inteligente, cativante e muito perspicaz não acho que requer tanto do espectador para que ocorra uma completa imersão no tom da obra. E para que o pulo no filme seja completo, a performance de Natalie Portman é inteligentíssima, delineada e finalizada de forma irretocável.

''I know it sounds a bit bizarre,
but in Camelot, Camelot...that's how conditions are''.


3. Manchester a Beira Mar (Manchester by the Sea, Kenneth Lonergan): Após muitos anos, a volta de Lonnergan na indústria americana foi realmente por cima, em um dos grandes dramas da década, vemos a deterioração de uma pessoa após um fato trágico quase como uma expiação de dentro pra fora, se é que existe algo lá, embora na cena que represente a foto acima a personagem de Michelle Williams, na definição de ladra de cena, afirme que ''você não pode simplesmente morrer'', é através da performance de Casey Affleck que percebemos que você pode sim. É duro, é seco, é real.


2. La La Land (idem, Damien Chazelle): O longa é uma grande ode a representação do gênero musical mundial ao cinema. Musicais em seu auge sempre foram uma forma de escapismo total do grande público e quase sempre envolviam história de amor com belos finais felizes. Para emular isso o filme conta com uma direção inspirada e completamente genuína de alguém que não só entende de dirigir, mas que visivelmente é apaixonado pelo gênero em tela, e completando tudo temos uma dupla central que emana química e dá tudo de si para com seus personagens. Se Gosling tem um, que seria chatíssimo nas mãos de alguém menos carismático, e Emma Stone que tem a personagem vibrante, que cativa e dialoga diretamente com o público, dando possibilidades reais para a jovem atriz brilhar do drama (a cena em frente a sua casa) a comédia (''I Ran''), de dançar em uma singela emulação de Ginger Rogers até ter um grande solo digno do auge de Judy Garland. Filmaço. Inesquecível.


1. Moonlight (idem, Barry Jenkins): Sem delongas, uma Obra-Prima sem antecedentes. 

A última conversa entre Chiron e Kevin, a última que demora muito pra Chiron abrir a boca e soltar algo que me deixou paralisado. O olhar devastado de Trevan Rhodes, que atuação senhorxs! A supressão daquilo tudo, do seu ser, a blindagem necessária para crescer e nisso usar de exemplo a única forma de amor que ele conheceu, a única figura que realmente lhe foi presente. O filme te quebra, Jenkins é um gênio e Moonlight é infinito, basicamente indescritível. Só isso a falar. Vejam.











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