segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

''Melhor Atriz'' #3 - 2014


Em 2014, vimos a consagração de uma das maiores atrizes do cinema contemporâneo, mesmo que pra isso tenhamos que aceitar que o mesmo ocorreu por um exemplo claro de ''vitória pela carreira''. Julianne Moore acabou sendo uma barbada desde o momento que o filme foi visto no festival de Toronto e comprado pela famosa Sony Picture Classics, pra completar o ano não gerou nenhuma concorrência. Interessante notar que Amy Adams, favorita virtual do início do ano, conseguiu sua primeira esnobada por ''Big Eyes'' de Tim Burton e Jennifer Aniston quase cruzou a barreira de ''queridinha do público'' para ''Oscar nominee'' com ''Cake'', mas ambas caíram pra uma indicação para lá de surpresa e merecida: a francesa Marion Cotillard chamou a atenção de todos apósao colocar a crítica americana de 4, e roubou a vaga das americanas em seus projetos ''cara de Oscar''.

Abaixo, a lista:


5º Lugar: Felicity Jones, The Theory of Everything (A Teoria de Tudo)

A indicação da menina Jones é alvo de muitas críticas. Alguns dizem que ela não faz nada, outros afirmam que é uma mera coadjuvante, eu discordo de ambas afirmações. Jones é tão ou mais protagonista que Redmayne no filme. Ela tem uma trama (chatíssima) própria e está presente em quase todas as cenas do parceiro. No entanto, ao contrário dele, ela realmente tem um personagem, ao invés de um arremedo de tio do pavê limitado pelas piores muletas cênicas do mundo, criando cenas realmente genuínas em um filme de péssimo gosto como a do quadro que coloquei mais acima. Se a atriz não tem muito mais a fazer, a culpa é do próprio filme, mas com o que lhe é dado, ela faz com muito afinco gerando um resultado bem satisfatório.


4º Lugar: Reese Witherspoon, Wild (Livre)

Witherspoon é uma atriz que gosto de graça. Pra mim, é uma das grandes estrelas de Hollywood, que emana carisma e se já se provou como atriz em algumas ocasiões. Ver seu ''comeback'' (após anos de escolhas erradas e uma vitória no Oscar bastante questionável) encheu meu rosto com um sorriso enorme. ''Wild'' é um filme que depende de sua atriz para funcionar. Em nada serviria qualquer outro aspecto do filme se Witherspoon não tivesse um ''star quality'' nato para preencher a tela nessa jornada de autoconhecimento que a personagem faz, e é a razão do longa existir. O filme é realmente bom? Bem, fico no meio termo, mas a luz que Reese emana é suficiente para justificar a existência do filme e me pego pensando no marasmo que seria esse mesmo projeto nas mãos de alguém menos ''palatável''. Felizmente não precisaremos nunca assistir essa outra versão.


3º Lugar: Julianne Moore, Still Alice (Para Sempre Alice)

A minha relação com essa atuação de Moore é bem estranha, eu concordo que ela está nada menos que ótima em cena, mas seu filme jamais está no mesmo nível que ela. Embora eu o considere um bom ''indie movie'', também consigo enxergar uma caixinha de vários ''checks'' sobre a doença sendo feita pelo roteiro. Parece que por mais que se tente, o longa nunca passa do ''beleza, valeu a tentativa'' e ver que essa performance é que foi capaz de trazer o ouro a mulher que entregou coisas do nível de ''Longe do Paraíso'', ''Safe'', ''As Horas'' e ''Fim de Caso'' é, no mínimo, broxante. Porém, tenho que admitir que a cena do xixi é de cortar o coração, e Juju Moore quebra você daquele jeitinho sempre que pode.


2º Lugar: Marion Cotillard, Deux jours, une nuit (Dois Dias, Uma Noite)

Marion. Cotillard. É provável que nenhuma francesa tenha fincado seus pés tão fortemente em Hollywood como essa mulher. Desde 2008, ela é uma das poucas atrizes estrangeiras capaz de ser escalada para os mais variados papéis, sem se apegar a estereótipos ou limitações de sotaque, por exemplo. Mas também, como reclamar dessa fada? Ela é quase um carteiro de Hollywood, ela sempre entrega o melhor, e quase sempre rouba a cena pra si. No caso desse trabalho dos irmãos Dardenne, Cotillard passa pelos mais variados tipo de respostas para sua personagem sempre aprender que amigos, amigos, negócios a parte. É quase humilhante acompanhar a degradante situação que Sandra precisa encarar, mas a vitalidade de Cotillard em cena, e ela realmente consegue ir dos mais variados ''ranges'' enquanto atriz, é o motivo pelo qual o filme se mantém vivo mesmo em seus momentos menos inspirados e repetitivos, palmas pra francesa. PORÉM, no mesmo ano a atriz também estava elegível pelo seu trabalho em ''Era Uma Vez em Nova York'', que eu sou apaixonado e acho superior ao dessa indicação. Aliás, ouso dizer que ela poderia vencer pelo filme de James Gray.



1º Lugar: Rosamund Pike, Gone Girl (Garota Exemplar)

Poucas vezes no cinema americano recente uma atriz foi tão perfeitamente escalada para um papel como Pike nesse thriller de David Fincher, e o que são os vencedores do Oscar se não os atores certos nos papéis certos? As más línguas dizem que Amy Dunner é superior a Rosamund Pike. Eu digo que Rosamund Pike É Amy Dunne, e por causa do roteiro/direção E do trabalho da própria atriz, tudo isso gerou um mix que criou uma das performances femininas mais marcantes e populares da década. Pike vai suar muito pra sair da estigma de Amy, e sem dar muitos spoilers para os que ainda não viram, não é de se estranhar. A personagem é muito peculiar e Pike tomou isso pra si de uma forma que você jamais conceberia outra atriz no mesmo papel. É coisa de assistir pra crer. E olha, assistir ''Garota Exemplar'' é um experiência que qualquer um precisa, não só pela exímia performance de Pike, mas porque é um senhor filme.

Porém, se eu tivesse que escolher uma alternativa, quem seria?



Anne Dorval, Mommy (idem)

Dorval está presente e lidera um trio de excelentes atores no meu filme favorito do ano, só por ai você sente a dimensão do meu amor por sua performance, mas independente disso, o trabalho de Dorval é louvável mesmo para quem não compre muito essa obra belíssima de Xavier Dolan. A verdade é que qualquer atriz que faça o papel de uma mãe, especialmente uma não má, vai ter sempre um apreço maior aos meus olhos. Ser mãe, mesmo que em tela, sempre significará um sentimento muito verdadeiro e forte, e para uma atriz transpor isso por alguém que ela não tem qualquer vínculo realmente materno é de um poder cênico absurdo, e é isso que a canadense faz no filme. Nós vemos uma mulher incapaz de desistir de seu tão problemático filho mesmo nos piores momentos do longa, e para isso Dorval está sempre dimensionando uma personagem nada fácil, fazendo com que você entenda tudo que ela precisa fazer, por mais doloroso que seja. Ah, e aquela cena final, o reflexo do rosto dela antes do clímax, é de um poder inenarrável, é realmente inesquecível.


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