quinta-feira, 15 de março de 2018

Melhor Atriz #9 - 2015


2015 foi um ano que começou com a promessa das prévias vencedoras de atriz, quase que em totalidade, serem indicadas no ano. Sandra Bullock era uma ''gerente de crises'' em ''Our Brand is Crisis'', Meryl Streep era uma rockeira voltando a sua família em ''Ricki and the Flash'', Jennifer Lawrence era a criadora do Mop em ''Joy'', Cate Blanchett era uma lésbica no novo filme de Todd Haynes, e Julianne Moore era uma lésbica em estado terminal em ''Freeheld''. No fim das contas, os filmes de Bullock e Moore foram bombas e o de Streep morreu pouco depois do lançamento de agosto. Blanchett e Lawrence acabaram entrando, a última por pouco, mas se viram como ''fillers'' da categoria.

Brie Larson acabou ganhando muita tração pelo amor ao filme, assim como ao personagem, e recebeu muitos elogios da crítica, gerando aquele aspecto de ''new it girl''. Charlotte Rampling foi uma surpresa nada surpreendente, e mesmo sendo esnobada de tudo, era prevista para ser indicada devido a falta de concorrência. Esse também foi o ano da volta por completo de Saoirse Ronan no ''coming of age'' belíssimo que foi ''Brooklyn''. E para firmar 2015 como um ano bem morno entre as competidoras do Oscar da categoria principal, as principais alternativas para a categoria (Rooney Mara em ''Carol'' e Alicia Vikander em ''A Garota Dinamarquesa'') foram fraudulentamente submetidas, e aceitas, como ''atrizes coadjuvantes''. Meu ranking pessoal ficou assim:



5º Lugar: Jennifer Lawrence, Joy (Joy: O Nome do Sucesso)

Eu não desgosto da menina Lawrence, pelo contrário, adoro a maioria do que ela fez, mas poucos projetos tentam a todo custo colocar um ator pra baixo quanto ''Joy'', mas por mais que eu não tenha um 'A' para falar sobre Lawrence no filme, é difícil colocá-la acima de qualquer outra candidata.

O filme que começa como uma novela boa, logo desanda para um dramalhão mexicano de quinta, e por mais que Lawrence nunca saia de cena e consiga entender e absorver bem a atmosfera da personagem, a impressão que fica é que são duas horas de muita dor de cabeça por nada. Então, eu te imploro, sai dessa vida de O. Russell, Lawrence, você merece mais!



4º Lugar: Brie Larson, Room (O Quarto de Jack)

Fiquei muito na dúvida entre Larson ou Blanchett aqui, mas acabei deixando a menina Brie em quarto porque, embora eu ache que Blanchett demora um ''pouco'' pra encarnar Carol, ela tem uma reta final arrasadora. Fora que hoje eu percebo o quanto Jacob Tremblay basicamente ''ofusca'' a presença de Larson em ''Room''.

Não me entendam mal, eu pessoalmente adoro tudo que Larson faz com ''Ma'' e quando em cena (e vocês também acham que em um certo momento ela some da trama?), ela está acima da média, mas no fim das contas não é um trabalho que considero memorável. E além disso, levanto o questionamento que quando uma criança chama mais atenção que adulto, é preciso se avaliar algumas coisas ai, não acham? No fim das contas, Brie é uma atriz bem boa e ela ter vencido o Oscar não era necessário, mas passa longe de ser ofensivo.



3º Lugar: Cate Blanchett, Carol (idem)


Uma lembrança muito viva de minha percepção sobre Blanchett no inicio de ''Carol'' é de uma atuação muito ''consciente'' da câmera que a está filmando, é quase como se Blanchett se deixasse ser vaidosa em cena para mostrar que sabe atuar, e mesmo que isso seja algo que pode ser ligado ao fato da sua personagem ser uma ''loba a espreita'', ainda fico com um pé atrás dessa concepção inicial da australiana para com seu personagem.

Porém, no decorrer do longa, que eu realmente prefiro Rooney Mara entre as duas (sue me!), ela cresce e se acomoda muito bem na pele de Carol, uma personagem que é gigante por si só. No entanto, a cena ''melhor atuada'' dentre todas as indicadas pertence a Cate, seu momento final com o esposo no tribunal é de cair o queixo, a forma como ela fala ''we are not bad people'' é arrasadora, e por isso ela acaba ficando no meu top 3.



2º Lugar: Saoirse Ronan, Brooklyn (idem)

Uma das grandes vitórias do meio cinematográfico foi a renascença de Saoirse Ronan. Uma criança prodígio, mas perdida em projetos que não iam pra frente que viu em ''Brooklyn'' a oportunidade certa para fazer a transição para a fase adulta. O filme é uma comédia romântica com o coração no lugar, e esse coração pertence totalmente a presença cênica de Ronan, uma atriz em total sintonia com sua personagem.

A irlandesa, de forma muito sútil, constrói uma protagonista que é muito honesta e por isso acaba pegando a gente pelo coração muito rapidamente. Com a ajuda de um roteiro muito bem feito, ela desenvolve uma trama de auto descobrimento junto do espectador e nunca deixa de iluminar a tela - tanto com sua presença, mas também com a sagacidade como ela desabrocha a personagem para nós. Quando Ronan chora, a gente chora com ela. Quando ela fica feliz, nós ficamos feliz por ela. É aquele vínculo que criamos com um personagem mesmo sem perceber, e aqui é muito porque Saoirse é daquelas atrizes que aparecem em geração em geração. Uma sensacional contadora de histórias.



1º Lugar: Charlotte Rampling, 45 Years (45 Anos)

Olha, não tem para ninguém, a minha #1 do ano é mesmo Rampling. Não só o fato de que premiar uma atriz com o currículo de Charlotte seria uma imensa vitória pro Oscar, mas o que ela entrega em ''45 Years'' é coisa de mestre.

Desde o momento que a fatídica carta chega na casa do casal, que está a beira de uma grande comemoração, Rampling desenvolve uma espécie de atuação focada nas micro expressões de seu rosto, é aquela coisa de economia mesmo, vai além do sútil, e se torna algo totalmente certeiro. E o trabalho de corpo da britânica é o pisão final que a atuação precisa. Para que qualquer dúvida da genialidade dessa mulher em cena seja colocada de lado recomendo apenas ver a última cena da mesma. Uma ''tirada de mão'' nunca significou tanto pra um personagem como para Kate, e isso meus amorxs, não é coisa de direção ou roteiro, é uma aula de atuação de Miss Rampling.

M
A
S
E se eu pudesse indicar alguém nesse ano?


Elisabeth Moss, Queen of Earth (Rainha do Mundo)

Em um mundo justo, Moss teria vencido todos os prêmios possíveis por esse pequeno-grande filme que é ''Queen of Earth''. Porém, na realidade nem a crítica e nem os pequenos prêmios lembraram do turbilhão maravilhoso que Moss consegue fazer aqui. Dividindo a cena com uma também excelente Katharine Waterson, a atriz concebe uma pessoa que se mostra desequilibrada a cada nova cena. A tensão do filme junto da atuação de Lis Moss nos coloca em uma posição que chegamos a pensar que naquela pequena cabana tudo pode acontecer. E muita coisa acontece, nem que seja só na cabeça da personagem, criando uma devastadora realidade transmitida com um fervor absurdo pela atriz. O monólogo da mesma sobre a morte do pai é uma, literal, aula de atuação. É pra levantar e aplaudir de pé. Uma, literal, rainha!

''You are why my father had to die. Because he couldn't live in a world like this''. Arrepiante!


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