sábado, 26 de junho de 2021

Emmy - Melhor Atriz Comédia 2000: Todo Mundo Ama as Mães

 


O fim do reinado de Helen Hunt criava um vácuo fortíssimo no Emmy de 2000, não só pela vitória certa de uma nova pessoa após quatro anos seguidos de Hunt, mas porque isso incluiria uma cara nova nas indicadas em si. O que ninguém esperava, talvez só alguns, é que a tão criticada terceira de ''Ally McBeall'' receberia apenas 3 indicações, caindo de categorias centrais como Atriz e Série, que tinha vencido no ano anterior.

Com isso, voltavam a categoria Jenna Elfman (''Dharma & Greg''), Sarah Jessica Parker (''Sex and the City'') e Patricia Heaton (''Everybody Loves Raymond''). Se demorou três temporadas para ''Raymond'' engatar no Emmy, só precisou de duas para ''Will & Grace'' virar um fenômeno, e com isso a indicação de Debra Messing.  A última vaga da categoria não era surpresa para ninguém, ''Malcolm in the Middle'' foi uma sensação da noite para o dia e a performance de Jane Kaczmarek era um dos centros de elogio da série, ela até venceu o TCA naquele ano, ela viria a ser indicada por todas as temporadas da série no Emmy, sem nunca ganhar. 

A inclusão de Heather Locklear, recém saída de ''Melrose Place'', em ''Spin City'' foi muito falada na época, mas a série nunca foi muito abraçada no Emmy para além de Michael J. Fox. Outra candidata com chances naquela corrida era uma não tão conhecida Felicity Huffman. A atriz estrelava ''Sports Night'', série de Aaron Sorkin, mas o projeto foi cancelado e, embora tenha conseguido entrar em outras categorias (inclusive em ''Guest'' com seu marido H. Macy), a loira só conseguiria a indicação no meio dos anos 2000, com outra série.

A vitória era esperada entre Kaczmarek ou Heaton, as duas com os papéis bem arquetípicos de ''mãe'' em performances amadas de séries bem badalas. No fim, a força de ''Raymond'', que viria a vencer 10 Emmys para seu elenco principal, deu a vitória a Heaton.

Abaixo, meu ranking (de uma ótima seleção):


5º Lugar: Jane Kaczmarek - Malcolm in the Middle ("Red Dress")

Kaczmarek já tem aquela cara de excêntrica mesmo sem fazer nada, nesse papel cai como uma luva. Não só para Lois em si, mas para a ambientação que a série quer causar. Nesse episódio, ela acredita que um dos filhos queimou o vestido que ela tanto ama e resolve aterrorizar as crianças para descobrir quem foi.

É uma submissão respeitável, um bom tempo de tela, tem momentos bem engraçados e uma percepção final bem fofinha. Infelizmente, a outra trama do episódio, com o Bryan Cranston, chama muita atenção e meio que ofusca, mas só um pouco, a Kaczmarek.


4º Lugar: Jenna Elfman - Dharma & Greg ("Lawyers, Beer, and Money")

É engraçado ver as tramas de sitcoms antigas, nesse episódio o Greg não aceita que a mulher lhe compre um presente ou pague uma conta de restaurante. Tudo isso envelheceria mal, mas o texto tenta contornar essa masculinidade frágil, e conta com a graça de Elfman para isso.

A Dharma de Elfman sempre fica no limiar do insano e do real, é um tipo de atuação que dialoga bem com o formato da série, mas que pode afastar que nem gosta dessa forma de comédia. Aqui ela até dança com uma cobra, então uma coisa que você não pode negar é o comprometimento da atriz com a personagem. Além disso, Elfman tem uma cena semi dramática que é bem boa, seja pela surpresa dela surgir no meio de tudo aquilo, como pelo fato da mesma executá-la bem.


3º Lugar: Sarah Jessica Parker - Sex and the City (''Ex and the City'')

Eu comecei o episódio acreditando que Parker seria, mais uma vez, prejudicada pelo formato de sua série. Não por ser uma comédia diferente, mas por Carrie viver arcos maiores do que atrizes da época, que faziam tudo em um episódio só de sitcom. Ledo enganado, na finale da segunda temporada, Carrie descobre que seu amor, Mr. Big, não só está com outra, mas também noivou.

Essa situação leva a dois momentos incríveis de Parker, não necessariamente engraçados, mas muito reais e fortes. A cena do restaurante é um surto de veia dramática com alguns detalhes de humor físico e uma pitada final que te faz soltar uma gargalhada. Tudo isso é finalizado com a cena que fecha a temporada, honesta e poderosa, quando percebemos o quanto Carrie evoluiu, assim como Sarah Jessica no papel. 


2º Debra Messing - Will & Grace (''Das Boob'')

Em algum momento da série, alguma crítica disse que Messing precisava parar de tentar ser Lucille Ball. Bom, nesse episódio em que Grace usa um sutiã com preenchimento (feito com água!), ela está Lucille até o talo.

Messing passa a primeira parte do episódio sem muita graça, mas uma vez que ela coloca o ''prop'', é comédia física da mais alta qualidade. Utilizar o corpo para extrair comicidade é ''clown 101'' e Messing faz isso com a destreza de quem conhece seu ofício. Se como um todo eu prefiro Heaton, a cena do champanha é a que mais me fez rir na seleção toda.


1º Lugar: Patricia Heaton - Everybody Loves Raymond (''Bad Moon Rising'')

Essa submissão de Heaton é o paraíso das tapes de comédia. Dentro da perspectiva de assistir esse episódio em 2021 ainda se mantém muito engraçada, isso sendo exibido duas décadas atrás, não dá nem para imaginar. É um episódio sobre ''aqueles dias'' das mulheres, só disso você já entende de onde vem a comédia.

Na verdade, ao invés de focar só no texto, as ''alterações de humor'' de Debra são o auge do episódio. Não só Heaton consegue falar com comicidade e rapidez todo seu texto, mas ela precisa mudar suas emoções, jeitos e expressões com muita rapidez. É sitcom em seu momento mais clássico, e não tem uma só cena (e Heaton está em 95% do episódio) que a atriz não aproveite. Além disso, a química dela com Ray Romano é tão perfeita que o meu desejo era premiar os dois, ele também mandou esse episódio, mas perdeu.


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