quinta-feira, 17 de junho de 2021

Emmy - Melhor Atriz Drama 2007: Irmãos & Irmãs & A Noviça Voadora


Das cinco concorrentes do ano anterior, apenas duas estavam elegíveis e ambas voltaram. São elas: Mariska Hargitay (''Law & Order: SVU'') e Kyra Sedgwick (''The Closer''). Duas esnobadas inexplicáveis do ano anterior também voltaram a corrida. A três vezes vencedora Edie Falco (''The Sopranos'') e a vencedora de 2005, Patricia Arquette (''Medium''). Em um empate não visto antes na categoria, as atrizes de séries novas Sally Field (''Brothers & Sisters'') e Minnie Driver (''The Riches'') fechavam o line-up de 2007.

A nível de indicação, Mariska tinha acabado de vencer o Emmy, Kyra tinha levado o Globo de Ouro, e o buzz do final de ''Sopranos'', assim como de ''Brothers & Sisters'' colocavam as quatro atrizes como indicações esperadas. Dessa forma, é confortável dizer que Arquette e Driver foram as ''surpresas'' dentre as indicações. Dentre as esnobadas da noite, existe uma divisão na indústria entre Ellen Pompeo pelo grande hit que era ''Grey's Anatomy'', e Evangeline Lilly por um papel que nem todos consideravam protagonista em ''Lost'', ambas em suas terceiras temporadas. A crítica, no entanto, dizia que Connie Britton, pela primeira temporada de ''Friday Night Lights'', é que merecia a indicação. Pompeo e Lilly chegaram aos Globos, Britton ao TCA, nenhuma ao Emmy.

Para a vitória era, quase, um consenso que o prêmio iria para Kyra Sedgwick, não só pela sua vitória nos Globos, mas pelo hit que ''The Closer'' tinha se tornado, totalmente graças a ela. Outros achavam que se não fosse de Sedgwick, seria de Edie Falco a vitória, por um provável ''furacão'' de Sopranos na grande noite da televisão. Field era uma runner-up para alguns, mas nunca 1ª opção de ninguém. Na noite do Emmy, Sally Field emerge vitoriosa e faz um discurso sobre a guerra que o US vivia que causou até polêmica depois da premiação. Foi seu terceiro, e até hoje, último Emmy.

Abaixo, meu ranking:


6º Lugar: Patricia Arquette - Medium (''Be Kind, Rewind'')

Em benefício de Arquette, ela está presente em todas as cenas desse episódio. Contra Arquette, infelizmente, ela está em ''Medium''. Não dá para fugir da fórmula e do texto raso dos procedurais. Aliás, até dá, mas são poucos casos e esse não é um deles.

Nesse episódio, Allison precisa reviver uma mesma situação em três momentos diferentes. Em um programa melhor, isso seria uma situação bem baity para um ator, mas em ''Medium'' é apenas um gimmick sem muito valor para a atriz. Durante a maior parte do tempo, Arquette precisa só pular de situação para situação, e nos poucos momentos que demandam um pouco mais de profundidade, é sabotada por um roteiro, no mínimo, inferior aos seus talentos.


5º Lugar: Kyra Sedgwick - The Closer (''Slippin''')

A Brenda Leigh Johnson de Sedgwick é muito humana. Poucas atrizes conseguem incorporar elementos de sua atuação para criar um ser tão próprio e vivo como Kyra faz aqui, mas ela não consegue escapar das armadilhas que sua série lhe impõe, quase no nível de Arquette.

Nesse episódio, ela precisa descobrir quem matou dois jovens negros e o seu foco é impressionante. Existe um aspecto de star quality, de carisma exacerbado que emana de Brenda que é tudo vindo de Sedgwick, é uma energia tão forte que até mesmo seu sotaque, que de cara causa estranheza, se torna intrínseco aquela mulher. O material, infelizmente, nunca a deixa levantar um voo alto, mas ainda é bom o suficiente para ficar acima de Patricia. E, ainda assim, ela tem uma cena de confronto final com um possível suspeito que é uma delícia de assistir.


4º Lugar: Edie Falco - The Sopranos (''The Second Coming'')

Que Edie Falco entregou, provavelmente, a maior atuação feminina da televisão americana é um fato. Sua Carmela Soprano foi mudando aos nossos olhos e em cada novo capítulo da série, é como se uma nova Carm surgisse. Esnobada de forma patética pela parte I da sexta temporada, sua indicação aqui é mais simbólica do que qualquer coisa.

Digo isso, pois Carmela perde quase todo o protagonista que tinha na parte anterior e fica meio periférica nessa fase final de ''The Sopranos''. Tony acaba tomando os holofotes, e Carmela não é protagonista absoluta nem em sua própria submissão. Nesse episódio, ela precisa lidar com um ato quase fatal com um dos membros de sua família. E a beleza de Falco estar em colocar suas emoções a todo vapor, mesmo que sejam poucos os momentos que Carmela realmente precise brilhar. Embora, o confronto com Tony, e a cena com o ente no ''hospital'' são exemplos do tamanho do poder que foi essa mulher durante toda a série.


3º Lugar: Mariska Hargitay - Law & Order: Special Victims Unit (''Florida'')

Nem eu acredito nisso, mas sim, Mariska Hargitay é top 3 em uma seleção pessoal para o Emmy. Nossa, que episódio bem pensado para ela enquanto atriz. Eu fui totalmente tragado para a vida dessa mulher. Olivia precisa aqui lidar com dilemas do passado e problemas do presente, e todos eles são pancadas.

A trama procedural da semana se funde a vida de Olivia, ela precisa lidar com o fato de que foi concebida através de um estupro e que seu irmão, por parte de pai, é acusado de fazer o mesmo. Ela não quer acreditar em nenhum dos casos, é doloroso e parece não ter saída. E com isso, Hargitay não perde uma oportunidade para demonstrar as feridas dessa mulher. É uma atuação dela como poucas vezes vi em um episódio de SVU, e mostra que é uma pena ela só ter feito esse papel em toda sua vida. O diálogo final com seu irmão, em um momento que ele mantém uma mulher refém, é tão verdadeiro e forte que fica difícil até explicar.


2º Lugar: Sally Field - Brothers & Sisters (''Mistakes Were Made", Part 2)

Mais uma mãe em ação, mas aqui com completo domínio da trama. Sally Field é uma atriz que, as vezes, divide opiniões, mas nessa versão americanizada de alguma trama do Manoel Carlos, ela arrasa. Inclusive, é a sua verdade cênica que faz com que essa série não seja só um simples melodrama, mas algo que levemos em consideração em outro patamar. E a parte mais legal do episódio é que vemos Nora em um momento atual e em um flashback, se você ignorar a peruca nada elegante de Field, é um tipo de extra que causa um certo impacto.

Você até sente o quentinho que Sally emana como matriarca da família Walker, é como se ela realmente fosse mãe de todos aqueles personagens. E, nesse caso em especial, ela precisa lidar com o filho mais novo e sua vontade de ir para o exército. Field acaba transparecendo preocupação com muito vigor, é aquele tipo de conexão com o ambiente que ela habita que precisa ser muito experiente para conseguir fazer. Uma cena de choro da personagem, mesmo não focando tanto no rosto de Field, é muito linda e, por incrível que pareça, não precisa subir o tom em momento algum. É uma atuação muito mais sincera do que muitos dão crédito.


1º Lugar: Minnie Driver - The Riches (''Pilot'')

A segunda melhor série dentre as indicadas, o piloto em si de The Riches é quase um curta metragem. Nele conhecemos os Malloy, uma família que faz parte de uma comunidade nômade, e que por causa de eventos trágicos, acaba assumindo a identidade de uma família rica.

Driver é a mãe, ela faz com Dahlia algo que não estamos acostumados até então. No começo do episódio, quando a personagem está saindo da cadeia, você já começa a perceber que é uma atuação introspectiva. A medida que ela vai se sentindo confortável, ela vai se abrindo e ganhando o público, de dentro e fora da tela. Mas a gente sabe que existe algum tipo de incômodo ali, um sofrimento particular sobre escolhas que foram feitas. Assim que Driver nos permite ver a questão, isso nos machuca tanto quanto a própria personagem, o que é surreal já que estamos com ela não tem muito mais que meia hora. 

Entre discussão com o marido (um brilhante Eddie Izzard, que também deveria ter sido indicado), um tipo de união com uma carismática vizinha (''character actress'' Margo Martindale), e a percepção de que o ''sonho americano'' também pode pertencer a ela, a atuação de Minnie é tão rica e cheia de nuances quanto o próprio título da série. Uma pena que o projeto durou tão pouco e teve pouco buzz, só por Driver já merecia muito mais a lembrança.

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