sexta-feira, 18 de junho de 2021

Emmy - Melhor Atriz Coadjuvante em Drama 2007: Ligeiramente Vencedora



Duas das indicadas de 2006 estavam inelegíveis, Jean Smart por ''24'' (indicada em guest esse ano) e a vencedora Blythe Danner, que teve sua série (''Huff'') cancelada. As mulheres de ''Grey's Anatomy'', Chandra Wilson e Sandra Oh, retornaram. Candice Bergen era elegível por ''Boston Legal'', mas (para a felicidade de muitos) foi esnobada.

Katherine Heigl foi indicada junto das colegas de ''Grey's'', mas para muitos (incluindo o autor do post) ela merecia muito ter entrado já (e até mais!) no ano anterior, vide a belíssima trama que houve entre Izzie e Denny (Jeffrey Dean Morgan). A parte final de ''The Sopranos'' trouxe de volta a corrida Aida Turturro e Lorraine Bracco, a última em sua primeira indicação coadjuvante após ter concorrido como protagonista pelas três primeiras temporadas da série. A última vaga ficou com Rachel Griffiths por ''Brothers & Sisters''.

Entre as esnobadas do ano é de se destacar CCH Pounder, indicada dois anos antes, mas sempre prejudicada pela falta de total apreço da academia por ''The Shield''. Outra atuação muito falada foi da vencedora de três Emmys Patricia Wettig por ''Brothers & Sisters''. Houve um bom buzz de Kate Walsh por ''Grey's Anatomy'', especialmente pelo ''triângulo amoroso'' que ela forma na terceira temporada da série, mas até então quatro atrizes de uma mesma série indicada nunca tinha ocorrido, e a força de ''Grey's'' não era tanta.

A favorita, disparada, da noite era Sandra Oh, a atriz estava em sua terceira indicação seguida, a série tinha muito hype e sua personagem era a mais popular da trama. Além disso, existia uma sensação de que ela era, também, a melhor atriz do elenco. Havia quem falasse que Griffiths poderia vencer, inclusive como resquício de um amor não sacramentado por ''Six Feet Under'' ou que Bracco poderia se beneficiar de um ''sweep'' de Sopranos nas categorias de atuação que, no fim das contas, nunca ocorreu. 

A vitória surpreendente de Heigl, nem ela mesmo acreditou, acabou sendo creditada mais ao sucesso de ''Ligeiramente Grávidos'', filme que estourou no verão americano e indicada que Heigl poderia não ser a melhor atriz da série, mas a maior estrela. Isso junto de ter uma personagem bastante amada e um episódio bem decente devem ter segurado uma das vitória mais inesperadas que essa categoria já viu.

Abaixo, meu ranking:


6º Lugar: Chandra Wilson - Grey's Anatomy ("Oh, the Guilt")

Drª Miranda Bailey é uma personagem com muita presença, energia e determinação, além de ser muito carismática. Infelizmente, esse episódio não mostra muito isso. Ou muito de Wilson como um todo, ela até tem um momento bonito com a paciente, mas... não.


5º Lugar: Lorraine Bracco - The Sopranos (''The Blue Comet'')

É engraçado que Bracco se submeteu como coadjuvante pelas últimas temporadas de ''Sopranos'', acho que ela entendeu após algumas esnobadas que esse era mesmo o lugar da Dra. Jennifer Melfi. Interessante que na segunda metade final da série, a presença de Melfi se tornou bem maior que nas últimas, a cada nova ''epifania'' de Tony, Melfi estava lá.

Esse episódio é uma percepção interna da própria personagem. É é um dos poucos que não vemos Melfi, exclusivamente, em um escritório de psiquiatria e ela vai aos poucos entendo que tudo que ela tentou fazer nos últimos anos foi em vão, era algo mais sobre estar lidando com um jogo que não tinha como sair vitoriosa. Óbvio que o empate, sentadinha, com Tony tem seus momentos de prazer e a gente até consiga sentir uma certa empatia dela por tudo que se passou, mas ainda assim não é suficiente para ficar mais acima nessa seleção. Além disso, preciso admitir que eu nunca fui totalmente fã de Bracco no papel, o que não é uma crítica, apenas algo bem subjetivo.


4º Lugar: Katherine Heigl - Grey's Anatomy (''Time After Time'')

Izzie recebe a notícia que sua filha, que ela deu para adoção quando tinha 16 anos, está no Seattle Grace Hospital, tem 11 anos e está com leucemia. Os pais procuram ela para que Izzie se torne doadora de medula. É um choque para ela entender tudo isso, e também para o espectador, é um bombardeio de informações que envolvem tudo que você precisa saber da atuação de Heigl.

Dado o tema, é esperado que Izzie seja bem central no episódio, mas ela acaba não tendo tanto tempo de tela. Nesse caso, acho uma bobagem, Heigl se aproveita de todas as cenas para demonstrar o quão aturdida e decepcionada Izzie está. Sem dúvida alguma ela recorre pra recursos mais comuns, como lágrimas correndo aos olhos, para expressar suas dores, mas não significa que as feridas de Izzie soem menos dolorosas por isso. E o pequeno depoimento da personagem sobre o inesperado ''encontro'' é muito sincero.


3º Lugar: Rachel Griffiths - Brothers & Sisters (''Bad News'')

A força de Griffiths aqui é medida por uma cena, Sarah tem apenas uma cena para lidar com o fato de que seu marido a traiu... novamente, e com sua irmã. E, nossa, que atriz fabulosa é essa mulher. A trama meio que prepara você com momentos leves e divertidos de Sarah durante o episódio, para no final ela te dar uma aula.

E é atuação grande, sabe? Daquelas que o prato se quebra. E nesse novelão gostoso que é ''Brothers & Sisters'', nada funcionaria melhor. Tem tensão, tem levantar de voz, tem choro, tem gritaria. É um prato cheio pra qualquer ator, e Rachel não faz pouco caso disso. Em 5 minutos somos tragados pela frustração e tristeza de Sarah com o fato, o marido e sua própria vida. É pouco tempo, mas é pungente. É uma delícia de assistir e você entende, perfeitamente, quem é aquela mulher naquele exato momento.


2º Lugar: Aida Turturro - The Sopranos (''Soprano Home Movies'')

Janice sempre foi uma personagem, digamos, singular em meio a todas as mulheres da série. E com isso, existe um sentimento de amor e ódio que acabamos criando por ela. Porém, sendo irmã de Tony Soprano, poderíamos realmente culpá-la por ser uma das pessoas mais sem-​vergonhas da teledramaturgia mundial? Aqui, a Aida tem um privilégio que poucas coadjuvantes possuem, que é possuir um episódio com tempo de tela quase a nível protagonista. Janice vai comemorar o aniversário de Tony com Bobby e Carmela em uma casa isolada, a trama toda acaba girando em torno deles. 

O mais chamativo do episódio é como ele consegue sintetizar a identidade de Janice dentro daquele meio, seu lado bom e ruim, isso tudo com muita propriedade. É óbvio que essa análise só funciona por causa do totalmente controle que Aida tem sobre Janice, sempre trabalhando nuances de uma personagem muito complexa. Você consegue sentir raiva, pena e rir com e por causa de Janice, e tudo isso passa pela performance de Turturro. Sua presença na temporada como um todo não é tão forte (Bracco é bem mais utilizada), mas olhando somente esse episódio, fica irresistível não colocá-la tão acima das demais.


1º Lugar: Sandra Oh - Grey's Anatomy (''From a Whisper to a Scream'')

A partir do momento que Oh começa sua narração nesse excelente episódio de ''Grey's Anatomy'', você sabe que ela vai ser crucial para toda a narrativa, e nunca se decepciona sobre isso. A melhor parte da atuação de Oh é a economia com que ela constrói a Yang. Seus olhos, tão expressivos, acabam sendo responsáveis por transmitir tudo que precisamos saber sobre seus sentimentos, e aqui, eles são vitais para contar tudo.

Tendo que lidar com um segredo importantíssimo sobre uma das pessoas que mais ama, a participação de Yang é a definição de uma coadjuvante. Ela não aparece tanto a ponto de você considerá-la protagonista, mas se destaca em meio a um elenco formidável. Cada cena de Cristina é aproveitada ao máximo por Sandra, seja em momentos de dúvida, de raiva ou na calma (e triste) percepção de que precisa cortar o mal pela raiz. É uma performance que, mesmo em um elenco talentoso, acaba pairando pela qualidade expressa pela atriz. Brava.

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