quarta-feira, 7 de julho de 2021

Emmy - Melhor Atriz Comédia 2001: De Volta para o Passado

 


As indicações de 2001 são bem tranquilas, sem nenhum grande choque. Interessante pontuar que 4 das 5 indicadas também tiveram suas séries nomeadas na categoria máxima. A vencedora prévia Patricia Heaton por ''Everybody Loves Raymond'', Sarah Jessica Parker pelo fenômeno que foi a terceira temporada de ''Sex and the City'', a queridinha da crítica Jane Kaczmareck por ''Malcolm in the Middle'' e Debra Messing por um episódio que a aclamou em ''Will & Grace''. 

Sem grandes esnobadas, cai Jenna Elfman por ''Dharma & Greg'' e volta uma revigorada e elogiada Calista Flockhart pela quarta temporada de ''Ally McBeal''. A vitória da noite era dita, especialmente, para Jane Kaczmarek, que possuía uma submissão de flashback muito boa e estava em uma temporada muito aclamada de ''Malcolm''. A runner-up da categoria era Debra Messing, que também enviou um episódio de flashback, que recebeu a ela elogios fartos, além de ser um episódio duplo. Erick McCormack viria a vencer pela mesma submissão, mas Messing (e Kaczmareck) perderam pra um repeteco de Patricia Heaton. Ninguém entendeu muito bem, e a categoria não veria uma nova vitória repetida em mais de uma década, até Julia Louis-Dreyfus vencer seis vezes seguidas por ''Veep''.

Abaixo, meu ranking:


5º Lugar: Patricia Heaton - Everybody Loves Raymond ("The Canister")

Heaton nesse papel é algo que eu acho naturalmente engraçada. Debra tá sempre no mais alto nível de stress, gritando, com raiva, e ela faz isso se tornar a coisa mais risível do mundo. Aqui ela precisa lidar com o fato de que algo que ela falou pra sogra, na verdade era mentira. E como resolver isso sem ser pega no erro?

A submissão acaba sendo bem divertida, mas ao contrário de ''Bad Moon Rising'' do ano anterior, Debra não é o grande destaque do elenco. As cenas com comédia física de Raymond e Robert, junto do final com Frank, acabam ofuscando o trabalho de Heaton. Que está bem, mas não acima das demais.


4º Lugar: Sarah Jessica Parker - Sex and the City ("Don't Ask, Don't Tell")

Parker estava em seu melhor momento na terceira temporada de ''Sex'', a personagem não só está muito mais centralizada, mas ela começa a criar arcos belíssimos com os romances que circundam sua vida. Nesse episódio, que é o casamento de uma das amigas, Parker precisa lidar com a culpa de uma traição ocorrida durante seu namoro atual. É uma submissão muito madura e que difere bastante das demais concorrentes, mais do que em qualquer outro ano.

Focada na dramaticidade, vemos uma Parker muito talhada para os momentos mais pesados de Carrie, com direito a um cenão na frente da igreja. Porém, não é só ai onde ela brilha, a dúvida que a corrói o episódio todo é muito bem externalizada por Parker e causa uma quase comoção com o espectador. Além, da cena muito terna entre Carrie e Charlotte, mostrando essa sabedoria que a personagem passa tão bem e que Parker faz parecer tão fácil. Porém, é de se pontuar que em uma categoria de comédia, realmente não há risadas.


3º Lugar: Calista Flockhart - Ally McBeal ("Falling Up")

Dúvidas, incertezas, alucinações e muita saudades. É assim que Ally precisa passar os mais de 40 minutos de seu episódio, sem saber com o que está lidando, e logo como deveria lidar. De alguma forma, é como se Parker e Flockhart estivessem ligadas, não só suas séries não são sitcoms clássicas, mas elas estão tendo que dialogar com a mesma prática. Até cena dando conselho amoroso para um coadjuvante proeminente elas tem.

E eu sinto que Calista faz essa internalização um pouco superior a Parker, não como demérito de ninguém (a categoria está forte no geral), mas é porque toda a neurose de Ally é muito sinérgica com a esquisitice que aquele ambiente representa, e são as feições sempre mais ''fortes'' de Calista que traduzem isso para mim. Talvez com outra atriz eu nunca compraria Ally McBeal, mas esse calor tão forte de Flockhart é o que torna a personagem não só muito crível, mas absolutamente humana.


2º Lugar: Jane Kaczmarek - Malcolm in the Middle ("Flashback")

Que episódio, meus amigos. Super over, lindo e com o coração tão no lugar certo que eu nem tenho o que falar. É sobre como Lois e Hal, no fim das contas, se amam. No presente eles discutem sobre um possível quinto filho, nos flashbacks vemos o nascimento das quatro crianças anteriores. É uma loucura.

E essa loucura só é possível de soar crível graças ao comprometimento de Kaczmarek com sua personagem e todo aquele mundo. Em cada um dos nascimentos, é como se Lois fosse surtando um pouco mais, e as caras e bocas de Jane são maravilhosas demais de se assistir, o momento que ela força o segundo filho a nascer por si só já merecia a vitória. E, no fim, ainda somos recompensados com uma cena bem tocante entre o casal. Incrível, de fato.


1º Lugar: Debra Messing - Will & Grace ("Lows in the Mid-Eighties")

Me parte o coração não colocar Kaczmareck em #1, mas não tem como não amar Messing nesse episódio da série. É um flashback para quando Will se assumiu gay, é o melhor episódio que eu já vi da série e eu amo cada minuto dele. Imagina você conhecer uma personagem por mais de 50 episódios, ai vem um flashback e mostra como ele era 15 anos antes? É uma delícia, e a Debra Messing brinca com todos os maneirismos que a gente conhece da Grace para compor o episódio (duplo!).

Ela exacerba em todas as áreas, desde as expressões até o tom de voz altíssimo, tudo é elevado a potência que fica a cara dos anos 80, junta isso a uma caracterização impecável e um bate-bola sensacional entre ela e o McCormack, e não tem para onde ir, é comédia pura e perfeita. E a cereja no bolo é uma rápida, mas tocante, cena dramática nos dias atuais onde vemos uma versatilidade palpável de Messing, incrível.

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