quinta-feira, 8 de julho de 2021

Emmy - Melhor Atriz Coadj. Comédia 2002: As Duas Doris


O grande diferencial dessa corrida em comparação a 2001 é que o elenco de ''Friends'', como um todo, decidiu se submeter como protagonista, ao invés de coadjuvante. Logo, com a saída de Aniston e Kudrow da categoria, as duas vagas acabaram por se completar com uma indicada prévia e uma que precisava ser indicada. Wendie Malick (''Just Shoot Me!'') voltou a categoria depois de dois anos esnobada, e a sempre elogiada Cynthia Nixon (''Sex and the City'') finalmente aconteceu na categoria, muito pelas tramas dramáticas que Miranda recebeu na quarta temporada da série.

As outras indicadas foram as mesmas: a recém vitoriosa Doris Roberts por ''Everybody Loves Raymond'', Megan Mullally por ''Will & Grace'' e a eterna madrinha de casamento Kim Cattrall por ''Sex and the City''. Nessa etapa da categoria, a presença de Kristin Davis, também por ''Sex'', começa a ser questionada, visto que todas as suas colegas de elenco entraram na premiação, mas ainda não foi dessa vez. A vitória não era surpresa para ninguém, com um dos episódios mais elogiados da temporada como submissão, a segunda vitória de Doris Roberts foi certa desde meses antes da cerimônia. Aliás, não fosse Jennifer Aniston triunfando por ''Friends'', era capaz de ''Raymond'' ter levado as quatro categorias de atuação.

Abaixo, meu ranking:


5º Lugar: Wendie Malick - Just Shoot Me! ("Nina Van Grandma" + "The Boys in the Band")

Em 1999 eu deixei Malick em último pelas submissões fracas que ela escolheu, esse ano ela fica em último mais pela concorrência do que qualquer outra coisa. Porém, preciso admitir, não achei ''Just Shoot Me!'' lá muito engraçada. É uma série que o humor é bem datado e que muito dificilmente um outro ator faria diferente. Cogitei colocá-la acima de Cattrall, especialmente pelo episódio dela lidando com a neta, mas mesmo com um tempo de tela bom, as piadas não estão lá.

O outro episódio ela tem pouco a oferecer e tudo acaba sendo bem batido e tirando, no máximo, uma risadinha de canto. Malick, dentro do papel, parece muito confortável e a cara de que seria um arraso com um texto melhor. Aqui, com o que ela tem, é apenas boa dentre mulheres realmente fantásticas.


4º Lugar: Kim Cattrall - Sex and the City ("Belles of the Balls" + "I Heart NY")

Cattrall submeteu dois bons momentos de Samantha em uma temporada que a personagem foi vastamente explorada. Entre relacionamento lésbico e, finalmente, se entregar ao amor, a personagem fez de um tudo na quarta temporada da série. Nesse primeiro episódio o destaque maior é que Samantha percebe que, infelizmente, o mundo não a trata com o respeito que homens tem. Aliás, uma das cenas mais bonitas da atriz/personagem está nessa submissão, que é quando ela está entrando no elevador para não chorar, a câmera filma o reflexo da atriz e ainda assim sentimos tudo que ela está vivendo ali.

A segunda submissão é mais focada na comédia, mas falta tempo de tela (um problema recorrente com Cattrall nessas corridas), mas admito que vê-la usar uma peruca e sair como espiã é algo engraçado de ver, mesmo que dure pouco e signifique tê-la abaixo no ranking.


3º Lugar: Doris Roberts - Everybody Loves Raymond ("Lucky Suit" + "Marie's Sculpture")

Eu entendo a comoção de ver Marie toda sem avulsa ao significado real de sua escultura, especialmente porque esse lado ingênuo da personagem é muito cativante, mas é em ''Lucky Suit'' que Doris realmente brilha para mim. O episódio quase todo é focado nela, em como ela tenta sabotar um filho por motivos que não compreendemos.

Essas ações geram situações muito engraçadas, que também focam nesse aspecto ''avoado'' como se Marie não tivesse noção do que está fazendo ou acontecendo. Porém, quando realmente é revelado a intenção por trás de tudo que ela está sentindo, é muito difícil não se compadecer a Marie e, por consequência, também a Roberts, que entende esse papel bem arquétipo e sempre tenta torná-lo vivo e muito humano. E, claro, muito engraçado.


2º Lugar: Cynthia Nixon - Sex and the City ("My Motherboard, My Self" + "Change of a Dress")

Com certeza deve dar um curto no votante que precisa assistir Doris Roberts e Cynthia Nixon no mesmo ano. A sua personagem, Miranda, tem um episódio todo focado na perda da mãe e nesses pouco mais de vinte minutos percebemos que Nixon é, no fim das contas, a grande atriz do elenco. É um choque tão grande compreender a perda em uma série que nem sempre lidou com isso que é impossível não se sentir mesmerizado pela força de Cynthia em cena.

E se sua trama no outro episódio é mais boba, é delicioso rir das forçadas que Nixon faz quando precisa lidar com a reação dos outros ao vê-la falar do sexo de seu bebê. É uma junção de comédia e drama muito bem feita, que vale ouro.


1º Lugar: Megan Mullally - Will & Grace ("Grace in the Hole" + "A.I.: Artificial Insemination")

Olha, o que eu tenho para dizer é que deve ser muito triste a vida de quem não tem Karen Walker em algum momento de sua existência, que personagem/atuação sensacional. Não tem uma cena sequer dessas submissões que não tenha Mullaly absorvendo TUDO que pode da personagem. Cada novo trejeito, expressão fácil, tudo a serviço de um texto que entende e apoia a personagem, isso resulta em gritos involuntários tamanha é a qualidade da performance.

Hoje eu vi no twitter a thread ''personagens que você não conseguiria ver outro ator fazendo'' e um deles, com certeza, é a Karen. E se o episódio dela trancada no quarto é incrível, porque Karen em privação de algo é a melhor Karen, a cena dela recebendo as flores no outro episódio é simples e genial ao mesmo tempo. 

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