sexta-feira, 16 de julho de 2021

Emmy - Melhor Atriz Coadj. Comédia 2003: O Retorno de Doris

 


Durante três anos (2002, 2003 e 2004), essa categoria viu quatro mulheres nunca serem esnobadas. São elas a vencedora dos dois anos anteriores Doris Roberts por ''Everybody Loves Raymond'', a sempre perfeita Megan Mullally por ''Will and Grace'', e as duas atrizes de ''Sex and the City'', Cynthia Nixon e Kim Cattrall. Se em 2002 a indicação de ''Curb Your Enthusiasm'' foi uma grande surpresa, em 2003 era esperado que a série expandisse em indicações. Um dos grandes destaques da temporada, Cheryl Hines, acabou abocanhando a última vaga. Ela viria a ser indicada novamente alguns anos depois.


Com a série já no seu fim, o medo de que Kristin Davis pudesse ser a Courteney Cox de ''Sex and the City'' e nunca ser indicada era grande. Além dela, muitos falavam que se Bitty Schram tivesse se submetido como coadjuvante, ao invés de protagonista, por ''Monk'', talvez ela tivesse entrado nesse ano. A vitória estava bem aberta, Kim Cattral tinha vencido o Globo de Ouro e foi indicada ao SAG (sem SJParker) e estava com um status de overdue, mas até a cerimônia existia uma sensação de que tanto Roberts no ano mais forte de ''Raymond'' e a trama de maternidade de Nixon em ''Sex'' podiam levar elas ao pódio. Aliás, até Hines tinha enormes apoiadores por ser considerada um dos destaques de ''Curb''. Teoricamente, só Mullally não teria muitas chances naquele ano. Em uma terceira vitória consecutiva, deu Doris Roberts, e acho que até ela ficou espantada.

Abaixo, meu ranking:


5º Lugar: Cheryl Hines - Curb Your Enthusiasm ("The Terrorist Attack" + "Krazee-Eyez Killa")

O que eu senti após ver as duas submissões de Hines é que ela deve funcionar muito melhor ao ver toda uma temporada do que somente um ou dois episódios da série. O humor de ''Curb'' é diferente, os diálogos são ''improvisados'' e tudo isso acaba causando uma certa estranheza para o espectador.

Óbvio que eu achei que tudo isso acaba a prejudicando, mas talvez seja porque o melhor do material fica com os atores ao seu redor, especialmente Larry David, e não tanto com ela. Você entende o motivo de sua presença ali, é bem legal, mas não dá para colocar mais acima numa seleção como essa.


4º Lugar: Cynthia Nixon - Sex and the City ("Anchors Away" + "Cover Girl")

Acho que Nixon acabou não submetendo tão bem quanto deveria. Todo o seu foco na quinta temporada é sobre como é difícil lidar com a novidade em ser mãe. E, de alguma forma, isso funciona e tá bem explicitado no primeiro episódio. Ela tem uma cena com a Carrie que consegue ser engraçada e tocante ao mesmo tempo, é um tipo de percepção sobre o que é ser mãe. Acaba mostrando o trabalho de Nixon como bem maduro, tem um viés emotivo, mas não é tão forte. 

Porém, sua segunda submissão não tem o mesmo peso, e mesmo ainda contendo bons momentos de Miranda, afinal Nixon é sempre boa, acaba prejudicando a atriz quando avaliamos o todo.


3º Lugar: Megan Mullally - Will & Grace ("The Honeymoon's Over" + "23")

Nada é mais prejudicial a um ator do que um roteiro que não o prestigie, e eu senti exatamente isso com uma das submissões de Mullally. Ela ainda é top 3 da seleção porque no seu primeiro episódio, ela precisa ficar na casa de Will e simplesmente arrasa. São as pequenas coisas que Karen faz, e que exaltam a inteligência de Megan no papel. Por exemplo, a cena dela tentando convencer Will a deixá-la ficar na casa ou quando ela resolver ouvir música, são essas cenas que fazem a gente entender porque amamos Karen.

Porém, sua segunda submissão, que envolve a morte de seu marido, é bem menos interessante. São poucos os momentos que o texto saindo de sua boa é realmente boa, e tudo parece meio cansado. É a mistura de dois lados de uma personagem muito completa, mas que perde um pouco a força quando não tem muito o que fazer.


2º Lugar: Doris Roberts - Everybody Loves Raymond ("Marie's Vision" + "Robert's Wedding")

Depois de tantas temporadas, você pensa que não pode se surpreender mais em como um ator em uma sitcom constrói uma cena, mas tem algo na Marie da Roberts que sempre tem um ''algo a mais''. Seja pelo roteiro sempre muito inteligente quanto foca na personagem, ou na forma como Doris tenta dar camadas aos sentimentos de Marie, é sempre delicioso vê-la em cena.

No primeiro episódio é quase como se o lado mais engraçado fosse como as pessoas reagem a personagem, mas não só ela está livre, leve e solta com seu novo óculos, como em um momento mais dramático você acaba comprando tudo que a personagem está sentindo. E isso meio que reverbera na sua grande cena da igreja no segundo episódio, é uma Marie sarcástica e egocêntrica, mas não tão ciente de que ela é tudo isso. E a Doris faz esse jeito em alguns momentos serem a coisa mais incrível do mundo. E por alguns minutos, acaba sendo.


1º Lugar: Kim Cattrall - Sex and the City ("Cover Girl" + "Critical Condition")

Cattrall nunca foi tão certeira quando nesse ano, ao menos até então. Samantha está excelente em ambos os episódios, e pela primeira, sinto que um episódio da série é mais sobre ela do que qualquer outra daquelas mulheres. Em ''Cover Girl'', Carrie pega ela no ato de um boquete e Samantha começa a se sentir julgada por ter uma vida sexual tão liberta. Isso permite que ela entregue um momento incrível falando sobre a arte boquete, lide com um pequeno confronto com Carrie e, ao mesmo tempo, saiba mostrar um lado mais humano da personagem ao se abrir sobre as inseguranças de ser uma mulher livre. 

E depois, ela tem um episódio sobre um vibrador onde Cattrall se encontra em ''full Samantha mode'', com destaque dela tendo que lidar com o filho de Miranda, mas não sem antes ter uma cena com palestra sobre massageadores de corpo, que são na verdade vibradores.

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