Acredito que 2018 foi um ano pouco produtivo
para a minha pessoa em relação a música, mas ainda assim consegui fazer um top
bem conciso e a cara do que normalmente eu escuto. Sem nenhuma surpresa, as
mulheres, de todos os gêneros, dominam o meu ranking, mas há uma maior
diversidade esse ano no geral. Entre os cd's que eu sofri para deixar de lado
destaco o não compreendido ''country inspired'' comeback do Justin
Timberlake, assim como o último álbum da Robyn, dois projetos pop
excelentes de artistas que mesmo após tanto tempo na indústria ainda tentam se
reinventar
- Carrie Underwood, Cry Pretty
- Troye Sivan, Bloom
- Ashley McBride, Girl Going Nowhere
- Cardi B, Invasion of Privacy
- Travis Scott, Astroworld
- Baco
Exu do Blues, Bluesman
TOP 10:
10. Cher - Dancing Queen: O novo álbum da ''Deusa do Pop'' é uma releitura de vários hits do
ABBA. Caramba, Cher e ABBA? Isso vai ser muito gay. Pois é, e foi!
O que ninguém esperava era que a voz de Cher, maravilhosamente
autotunada, cairia como uma luva para essa nova roupagem de um dos catálogos
mais famosos da música. E se, talvez, o começo do cd torne algumas almas
incrédulas, o quase final composto de rendições bem inspiradas de
‘’Chiquitita’’, ‘’Fernando’’ e ‘’The Winner Takes It All’’ é uma delícia de se
ouvir e dançar de um jeito que somente Cher seria capaz.
9. Panic at the Disco – Pray for the Wicked: Confesso que nessa década
eu não fui dos maiores fãs da banda em questão, mas após um súbito amor pelo
vocalista ter ido a Broadway, resolvi dar uma chance ao álbum mais recente da
banda e tive uma grata surpresa.
Acredito que o que mais me chamou atenção na produção em si, é uma
proximidade que a banda trouxe de seus dois primeiros, e mais interessantes,
trabalhos com um viés mais burlesco e porque não dizer, barroco. Um destaque do
cd? ‘’Roaring 20’s’’, uma faixa tão a cara da banda que chega a doer, mas
maravilhosa no fim das contas.
8. Years & Years – Palo Santo: Três anos após um
ótimo álbum debut, ‘’Communion’’ (2015), a banda britânica liderada por Olly
Alexander voltou as paradas com um álbum que surpreendeu, não só por manter a
essência da banda, mas por fazer isso sem precisar se repetir.
O álbum ainda tem a
vibe ‘’EDM’’ conhecido no trabalho anterior, mas agora a banda adentra com
muito mais propriedade o dance, mas com pitadas de R&B. Existe um ar
melódico nas canções, quase sempre de amor, que explicitam bem a completa
essência da banda, como fica bem claro na faixa ‘’If You’re Over Me’’.
7. Christina Aguilera – Liberation: Após dois
trabalhos essencialmente pop’s, com o último álbum sendo um projeto totalmente
sem identidade, Aguilera retornou após seis longos anos com um trabalho que
consegue ser incrível de cabo a rabo, completamente conceitual e trazendo o
melhor momento da mesma enquanto artista: seu flerte com o R&B
contemporâneo.
‘’Liberation’’ é um
álbum pop com uma fortíssima alma de R&B e Hip-Hop (a indicação ao Grammy
na categoria desse gênero nos faz rir, mas tem total sentido) e quando Aguilera
bebeu dessa fonte lá em 2002 para fazer o ‘’Stripped’’, ela atingiu um auge
inacreditável e essencial para quem ela queria ser enquanto artista. De
‘’Maria’’ (produzida por Kanye West) até ‘’Twice’’, uma balada linda como só
ela sabe fazer, todas as canções se conectam e dialogam mostrando que quando
Christina quer, ela é uma artista de verdade.
6. Jack White – Boarding House Reach: O mais novo
trabalho de White ainda mantém, fortemente, a essência dos anteriores trabalhos
solos do cantor. É um álbum claro de rock blues, mas ao contrário do
‘’Blunderbluss’’ e do ‘’Lazaretto’’, esse cd traz muito do que White ficou
conhecido enquanto parte do The White Stripes: um som mais alternativo e
experimental.
O álbum brinca, sem
qualquer pudor, com sons e estilos, sempre tentando buscar o não convencional,
mas findando na criação de canções únicas, mas excelentes mesmo na primeira
ouvida. É um caso claro de projeto que pode ficar melhor a medida que você mais
o ouve? Óbvio, mas as chances de você curtir demais logo de cara são, assim como
o álbum bem apresenta, loucamente altas.
5. Pabllo Vittar – Não Para Não: Eu não coloquei a
drag mais famosa desse país aqui só para chamar atenção, o segundo álbum da
mesma é, literalmente, meu cd favorito dentre os projetos brasileiros lançados
em 2018.
A coisa que mais
amei a respeito desse trabalho é como Pabllo ainda é a cara do Brasil e não faz
questão nenhuma de fugir disso. Ela poderia muito bem ter ido para o funk ou
sertanejo, ritmos mais badalados atualmente, mas ao invés disso, a artista
resolveu continuar explorando as demais regiões e estilos do país, algo que ela
já começou a fazer muito bem em seu primeiro álbum, ‘’Vai Passar Mal’’. Com um
belo foco no norte e nordeste, Pabllo entrega um álbum irretocável que traz,
entre seus destaques, o forró de ‘’Seu Crime’’, o tecno-brega de ‘’Buzina’’ e a
latinidade de ‘’Miragem’’.
4. Mariah Carey – Caution: A dona de uma das maiores vozes da
atualidade também estava adiando um novo projeto por muito tempo, mas
‘’Caution’’ é um produto tão incrível que faz com que a gente tenha ficado até
muito feliz de esperar por um álbum que reflete o nível da artista em questão.
Deixando Jermaine
Dupri, um de seus colaboradores mais regulares, de lado e trazendo nomes como
DJ Mustard e Skrillex, Mariah conseguiu utilizar o melhor de produtores como os
citados para criar uma sonoridade altamente contemporânea de um gênero a qual
ela é, definitivamente, uma rainha. Com um trabalho sólido e com um conceito
sonoro bem claro, a ‘’elusive chanteuse’’ conseguiu entregar seu melhor
trabalho em anos.
3. Ashley Monroe – Sparrow: Monroe é, fácil, a melhor cantora country da
atualidade. Seus dois trabalhos solos, ‘’Like a Rose’’ e ‘’The Blade’’,
figuraram em minhas listas pessoais de álbuns do ano. Seu terceiro trabalho,
que acabei descobrindo mais tarde do que eu esperava, é tão excelente quanto.
A cantora agora
apresenta uma nova temática enquanto trabalho lírico e está cada vez mais
country ‘’raiz’’ sem, necessariamente, experimentar algo novo. Porém, poucas artistas
sabem e conseguem executar tão bem um estilo quanto Ashley fazendo country. É
um mix de voz perfeita com lírica acertada e produção correta que culminam em
um trabalho de muita identidade e certeza. Entre os destaques do fica uma das
minhas músicas favoritas do ano passado, ‘’Wild Love’’.
2. Janelle Monáe – Dirty Computer: Monáe foi outra que
demorou eras a voltar a música, seu último trabalho datava de cinco anos atrás,
mas como bem diz o ditado, quem espera sempre alcança e o nível de ‘’Dirty
Computer’’ é digno de toda e qualquer espera.
Um álbum que
consegue ter como sua espinha o ‘’funky’’, mas passeia por diversos outros
gêneros como rap, pop e R&B merece todos os elogios possíveis, mas não só
isso, Janelle também dialoga sobre ser mulher, negra e LGBTQ+ num país como os
EUA como nunca fizeram na música. É um tipo de trabalho que por mais que possa
soar mais pop que seus projetos anteriores, ainda mantém toda a identidade de Monáe
a medida que consegue trazer novos ouvintes para sua tão sensacional carreira. ‘’Django
Jane’’ é, talvez, a faixa do ano.
1. Kacey Musgraves – Golden Hour: Não é segredo para ninguém que country rivaliza fortemente com o
pop como meu gênero favorito, mas como o último vem carecendo de grandes
trabalhos, um cd como o último da cantora mais ousada do gênero veio como
um tiro mais que certeiro e parou direto no #1 da minha lista.
Musgraves agora não tenta mais tanto criticar
e mudar o mundo, ela agora casou e está aproveitando cada segundo de sua vida,
então saem de cenas canções como ‘’Follow Your Arrow’’ e ‘’Biscuits’’ e nós
somos introduzidos para canções como ‘’Butterflies’’. É quase como se Kacey nos
convidasse para comer uns biscoitos, tomar uma limonada e ouvir ela falar do
que ela acha do mundo agora. É um sopro de ar fresco feito de forma exímia que
fica mesmo sem você perceber. ‘’Velvet Elvis’’ é uma ouvida essencial.
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