terça-feira, 29 de janeiro de 2019

2018 na Música



Acredito que 2018 foi um ano pouco produtivo para a minha pessoa em relação a música, mas ainda assim consegui fazer um top bem conciso e a cara do que normalmente eu escuto. Sem nenhuma surpresa, as mulheres, de todos os gêneros, dominam o meu ranking, mas há uma maior diversidade esse ano no geral. Entre os cd's que eu sofri para deixar de lado destaco o não compreendido ''country inspired'' comeback do Justin Timberlake, assim como o último álbum da Robyn, dois projetos pop excelentes de artistas que mesmo após tanto tempo na indústria ainda tentam se reinventar
Entre as menções honrosas, além dos dois citados no texto, estão:

- Carrie Underwood, Cry Pretty

- Troye Sivan, Bloom

- Ashley McBride, Girl Going Nowhere

- Cardi B, Invasion of Privacy

- Travis Scott, Astroworld

- Baco Exu do Blues, Bluesman

TOP 10:

10. Cher - Dancing Queen: O novo álbum da ''Deusa do Pop'' é uma releitura de vários hits do ABBA. Caramba, Cher e ABBA? Isso vai ser muito gay. Pois é, e foi!
O que ninguém esperava era que a voz de Cher, maravilhosamente autotunada, cairia como uma luva para essa nova roupagem de um dos catálogos mais famosos da música. E se, talvez, o começo do cd torne algumas almas incrédulas, o quase final composto de rendições bem inspiradas de ‘’Chiquitita’’, ‘’Fernando’’ e ‘’The Winner Takes It All’’ é uma delícia de se ouvir e dançar de um jeito que somente Cher seria capaz.


9. Panic at the Disco – Pray for the Wicked: Confesso que nessa década eu não fui dos maiores fãs da banda em questão, mas após um súbito amor pelo vocalista ter ido a Broadway, resolvi dar uma chance ao álbum mais recente da banda e tive uma grata surpresa.
Acredito que o que mais me chamou atenção na produção em si, é uma proximidade que a banda trouxe de seus dois primeiros, e mais interessantes, trabalhos com um viés mais burlesco e porque não dizer, barroco. Um destaque do cd? ‘’Roaring 20’s’’, uma faixa tão a cara da banda que chega a doer, mas maravilhosa no fim das contas.

8. Years & Years – Palo Santo: Três anos após um ótimo álbum debut, ‘’Communion’’ (2015), a banda britânica liderada por Olly Alexander voltou as paradas com um álbum que surpreendeu, não só por manter a essência da banda, mas por fazer isso sem precisar se repetir.
O álbum ainda tem a vibe ‘’EDM’’ conhecido no trabalho anterior, mas agora a banda adentra com muito mais propriedade o dance, mas com pitadas de R&B. Existe um ar melódico nas canções, quase sempre de amor, que explicitam bem a completa essência da banda, como fica bem claro na faixa ‘’If You’re Over Me’’.

7. Christina Aguilera – Liberation: Após dois trabalhos essencialmente pop’s, com o último álbum sendo um projeto totalmente sem identidade, Aguilera retornou após seis longos anos com um trabalho que consegue ser incrível de cabo a rabo, completamente conceitual e trazendo o melhor momento da mesma enquanto artista: seu flerte com o R&B contemporâneo.
‘’Liberation’’ é um álbum pop com uma fortíssima alma de R&B e Hip-Hop (a indicação ao Grammy na categoria desse gênero nos faz rir, mas tem total sentido) e quando Aguilera bebeu dessa fonte lá em 2002 para fazer o ‘’Stripped’’, ela atingiu um auge inacreditável e essencial para quem ela queria ser enquanto artista. De ‘’Maria’’ (produzida por Kanye West) até ‘’Twice’’, uma balada linda como só ela sabe fazer, todas as canções se conectam e dialogam mostrando que quando Christina quer, ela é uma artista de verdade.

6. Jack White – Boarding House Reach: O mais novo trabalho de White ainda mantém, fortemente, a essência dos anteriores trabalhos solos do cantor. É um álbum claro de rock blues, mas ao contrário do ‘’Blunderbluss’’ e do ‘’Lazaretto’’, esse cd traz muito do que White ficou conhecido enquanto parte do The White Stripes: um som mais alternativo e experimental.
O álbum brinca, sem qualquer pudor, com sons e estilos, sempre tentando buscar o não convencional, mas findando na criação de canções únicas, mas excelentes mesmo na primeira ouvida. É um caso claro de projeto que pode ficar melhor a medida que você mais o ouve? Óbvio, mas as chances de você curtir demais logo de cara são, assim como o álbum bem apresenta, loucamente altas.

5. Pabllo Vittar – Não Para Não: Eu não coloquei a drag mais famosa desse país aqui só para chamar atenção, o segundo álbum da mesma é, literalmente, meu cd favorito dentre os projetos brasileiros lançados em 2018.
A coisa que mais amei a respeito desse trabalho é como Pabllo ainda é a cara do Brasil e não faz questão nenhuma de fugir disso. Ela poderia muito bem ter ido para o funk ou sertanejo, ritmos mais badalados atualmente, mas ao invés disso, a artista resolveu continuar explorando as demais regiões e estilos do país, algo que ela já começou a fazer muito bem em seu primeiro álbum, ‘’Vai Passar Mal’’. Com um belo foco no norte e nordeste, Pabllo entrega um álbum irretocável que traz, entre seus destaques, o forró de ‘’Seu Crime’’, o tecno-brega de ‘’Buzina’’ e a latinidade de ‘’Miragem’’.

4. Mariah Carey – Caution: A dona de uma das maiores vozes da atualidade também estava adiando um novo projeto por muito tempo, mas ‘’Caution’’ é um produto tão incrível que faz com que a gente tenha ficado até muito feliz de esperar por um álbum que reflete o nível da artista em questão.
Deixando Jermaine Dupri, um de seus colaboradores mais regulares, de lado e trazendo nomes como DJ Mustard e Skrillex, Mariah conseguiu utilizar o melhor de produtores como os citados para criar uma sonoridade altamente contemporânea de um gênero a qual ela é, definitivamente, uma rainha. Com um trabalho sólido e com um conceito sonoro bem claro, a ‘’elusive chanteuse’’ conseguiu entregar seu melhor trabalho em anos.

3. Ashley Monroe – Sparrow: Monroe é, fácil, a melhor cantora country da atualidade. Seus dois trabalhos solos, ‘’Like a Rose’’ e ‘’The Blade’’, figuraram em minhas listas pessoais de álbuns do ano. Seu terceiro trabalho, que acabei descobrindo mais tarde do que eu esperava, é tão excelente quanto.
A cantora agora apresenta uma nova temática enquanto trabalho lírico e está cada vez mais country ‘’raiz’’ sem, necessariamente, experimentar algo novo. Porém, poucas artistas sabem e conseguem executar tão bem um estilo quanto Ashley fazendo country. É um mix de voz perfeita com lírica acertada e produção correta que culminam em um trabalho de muita identidade e certeza. Entre os destaques do fica uma das minhas músicas favoritas do ano passado, ‘’Wild Love’’.


2. Janelle Monáe – Dirty Computer: Monáe foi outra que demorou eras a voltar a música, seu último trabalho datava de cinco anos atrás, mas como bem diz o ditado, quem espera sempre alcança e o nível de ‘’Dirty Computer’’ é digno de toda e qualquer espera.
Um álbum que consegue ter como sua espinha o ‘’funky’’, mas passeia por diversos outros gêneros como rap, pop e R&B merece todos os elogios possíveis, mas não só isso, Janelle também dialoga sobre ser mulher, negra e LGBTQ+ num país como os EUA como nunca fizeram na música. É um tipo de trabalho que por mais que possa soar mais pop que seus projetos anteriores, ainda mantém toda a identidade de Monáe a medida que consegue trazer novos ouvintes para sua tão sensacional carreira. ‘’Django Jane’’ é, talvez, a faixa do ano.

1. Kacey Musgraves – Golden Hour: Não é segredo para ninguém que country rivaliza fortemente com o pop como meu gênero favorito, mas como o último vem carecendo de grandes trabalhos, um cd como o último da cantora mais ousada do gênero veio como um tiro mais que certeiro e parou direto no #1 da minha lista.
Musgraves agora não tenta mais tanto criticar e mudar o mundo, ela agora casou e está aproveitando cada segundo de sua vida, então saem de cenas canções como ‘’Follow Your Arrow’’ e ‘’Biscuits’’ e nós somos introduzidos para canções como ‘’Butterflies’’. É quase como se Kacey nos convidasse para comer uns biscoitos, tomar uma limonada e ouvir ela falar do que ela acha do mundo agora. É um sopro de ar fresco feito de forma exímia que fica mesmo sem você perceber. ‘’Velvet Elvis’’ é uma ouvida essencial.

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