segunda-feira, 24 de maio de 2021

Emmy - Melhor Atriz Drama 2001: Falco ataca novamente!

 


Com o fim da presença de Julianna Margulies em ER, sua vaga acabou sendo ocupada por Marg Helgenberger pelo estouro que foi a temporada estreante de CSI.

As quatro demais concorrentes foram repetições do ano anterior. As duas mulheres (Lorraine Bracco e Edie Falco) de The Sopranos, a vencedora anterior Sela Ward por Once and Again, e Amy Brenneman por Judging Amy.

As apostas do ano eram divisivas entre as duas mulheres da série da máfia italiana em Nova York, mas existia um status de ''favorita'' e, considerável fator ''overdue'' para Bracco. Especialmente, por ela possuir uma tape muito comentada naquela corrida. O episódio em questão chegou a vencer ''Melhor Roteiro'', mas Falco mais uma vez saiu triunfante contra a colega de elenco. Essa seria a última vez que Bracco iria concorrer como protagonista pela série.

Dentre as esnobadas do ano, via-se um claro preconceito do Emmy com o canal ''The WB'' (hoje chama-se ''CW''. Conhecido por passar programas adolescentes, o canal foi responsável por duas das atuações mais elogiadas a nunca terem sido indicadas ao Emmy naquela década. Entre as duas performances, houveram indicações ao Globo de Ouro, SAG e TCA daquele ano, mas os velhos caquéticos da Academia preferiram ir com escolhas batidas. Após o ranking, cito quem são as duas performances (injustamente) esnobadas dessa corrida.

Meu ranking pessoal:


5º Lugar: Marg Helgenberger - CSI: Crime Scene Investigation (''Justice is Served'')

Até pela natureza de seu programa, seria problemático pedir muito de Marg Helgenberger em ‘’CSI’’. A vencedora prévia do Emmy, em coadjuvante em drama nos anos 90, tem poucos traços de construção dramática pra detetive Catherine Willows, o episódio mesmo focando na morte de uma criança de seis anos de idade que Catherine se apega, não entrega nada do ponto de vista de atuação para a mesma.

Ela divide o episódio com um caso surreal envolvendo sangue e animais, então quando aparece em cena é mais fazendo perguntas científicas ou dizendo umas frases baratas pra um possível suspeito. Ela tem um pequeno brilho no fim da trama, mas nada que justifique uma indicação ao maior prêmio da televisão. Porém, os tempos eram outros e séries como CSI eram consideradas o suprassumo da tv, feliz em saber que não vivemos mais essa era.



4º Lugar: Amy Brenneman - Judging Amy (''The Undertow'')

Minha maior questão com Brenneman é que sua série é a menos interessante dentre as indicadas, mas ao menos ela é, claramente, a protagonista e com muito tempo de tela acaba balanceando muitas coisas que se transformam em pontos positivos. A trama desse episódio é sobre um casal que deseja exorcizar a filha e a relação maternal que a própria protagonista começar a questionar com a sua própria criança.

Sempre presente em cena, evocando um considerável carisma para com o espectador, ela faz o que precisa. Sobe o tom de voz com os pais da menina possuída, mas sabe se mostrar apaixonada pelo jovem professor de karatê. É uma performance bem-feita, mas sem grandes momentos, que vista em 2021 não chama tanta atenção. E acredito que mesmo 20 anos atrás, já não deveria ser muito marcante.


3º Lugar: Sela Ward - Once and Again (''Second Time Around'')

É muito corajoso para Sela Ward submeter um episódio tão sútil quando a finale da segunda temporada de sua série. Lily, sua personagem, está prestes a casar-se novamente e recebe a visita do pai falecido em sonho, nesse interim ela começa a questionar o propósito de seu enlace matrimonial, e o que ela realmente quer nisso tudo.

Volto a repetir que a abordagem que a série, e por consequência Ward, dão a personagem é tão humana que é difícil acreditar que é feita no começo dos anos 2000. Mas tem que parabenizar essa atitude, porque trabalhar o ‘’mínimo’’ é sempre um risco para o ator, pois existe a possibilidade de você mirar nele e acertar no inexpressivo. Porém, isso nunca é uma questão para Sela, que consegue absorver, e, ao mesmo tempo, exteriorizar todos os seus sentimentos dessa forma, em todas situações requeridas. Delicadeza da melhor maneira.


2º Lugar: Lorraine Bracco - The Sopranos (''Employee of the Month'')

Bom, tendo visto a terceira temporada de ‘’Sopranos’’, continuo sem poder afirmar que Melfi ou Carmela sejam protagonistas, mas não dá para negar que elas são em seus episódios submetidos. Esse, em especial, é o grande momento de Bracco na série até aqui. Sua personagem sofre um estupro e ela precisa decidir como seguir com isso em sua vida.

Eu não consigo explicar muito bem a forma como eu vejo a atuação de Bracco durante toda a série, mas nesse episódio em especifico, ela se entrega sem medo. O trauma da personagem consegue se manifestar a medida que também entendemos que a personalidade de Melfi encontra outros pontos pra aceitar tudo isso. E esse registro de Bracco é interessante, visto que ela precisa ir contra muito do que foi estabelecido para a personagem em alguns momentos, especialmente sobre rompantes dramáticos. E, ainda assim, seu ponto mais marcante em todo o episódio ainda é estabelecido pela persona que conhecemos da personagem, uma voz mais contida e uma sobriedade em cena. E assim, na última palavra dita pela personagem (‘’não’’), conseguimos compreender tudo. É uma atuação dolorida, mas forte, muito bem orquestrada pelo roteiro e atuada por Lorraine Bracco.


1º Lugar: Edie Falco - The Sopranos (''Second Opinion'')

O que chama atenção nessa atuação de Falco é a forma quase meditativa com que Carmela vai sendo deixada de lada pelos personagens ao seu redor. Como uma dona de casa é compreensível que Carmela tente ajudar a sua família sempre, mas quando deixada de lado, como ela deveria agir?

Edie Falco encontra uma espécie de vazio que vem num crescente durante todo o episódio, você consegue ver aos pouco a personagem ‘’definhando’’ por causa das ações feita pelo marido e filhos, isso vai se impregnando no rosto, e até, no corpo de Carmela. A forma como Falco reage a um suposto ‘’arranjo’’ entre Tony e Carmela vindo da própria filha por si só já é um assombro. A própria cena final, quase filmada de costas é tão brilhante quanto. Mas nada te prepara para a consulta de Carmela a um psiquiatra, ela precisa ser confrontada sobre suas escolhas e desaba. E, enquanto espectador, você vai junto pela abertura tão real que Falco permite fazer com sua personagem naquele momento.


Dito isso, essas duas atuações deveriam ter sido, obrigatoriamente, indicadas esse ano. São elas:


Sarah Michelle Gellar - Buffy, the Vampire Slayer (''The Body'')

Eu digo, tranquilamente, que o que Gellar entrega nos primeiros 10 minutos de ''The Body'' justificam não só uma indicação, mas uma vitória. Todo o trabalho da atriz durante a estupenda quinta temporada é de se aplaudir, especialmente por ela ser uma atriz tão jovem. Que ela tenha sido reconhecida pelos Globos e pelo TCA já deixa isso claro.

Mas a forma como ela navega por um estado catatônico até a realização do fato ocorrido no episódio é de dilacerar o coração. Sempre focada na expressão facial, sem precisar de muitos diálogos, Sarah entrega uma mistura de vulnerabilidade de forma muito natural. Essa performance não ocorre somente nesse episódio, mas aqui é maximizada e o resultado é brilhante.


Lauren Graham - Gilmore Girls (''Pilot'')

Antes mesmo da primeira temporada de ''Gilmore'' sequer acabar, o SAG já reconheceu o trabalho de Graham. E acredito que não existiria episódio melhor para representar essa atuação, em síntese, do que o primeiro da série.

Você termina ele querendo abraçar e viver com Lorelai Gilmore, tamanho é o carisma e a presença de Graham em cena. E não se engane que tudo é amor, mesmo no piloto existem momentos dramáticos suficientes que demonstram o amor que Lorelai tem por sua filha. E eu acredito, firmemente, que nada disso seria possível sem a generosidade em cena de Graham sua personagem. É uma atuação linda que, infelizmente, nunca foi reconhecida pelo maior prêmio da televisão.

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