segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Os (melhores) álbuns de 2017


Não se deixe enganar pela foto acima, não vai ter Arcade Fire na lista de melhores do ano. E não, nem achei o cd ruim como a maioria, ''Everything Now'' é mais uma reinvenção da melhor banda da atualidade que, aparentemente, não foi bem aceita pelos fãs, mas que eu realmente gostei não só da sonoridade, mas da abordagem do consumismo elevado no mundo contemporâneo. Outras voltas após longos hiatos também sofreram com aceitação de crítica e público, entre eles está o novo trabalho de Miley Cyrus, ''Younger Now'', um álbum com uma alma pop, mas uma modelagem do country contemporâneo que no final acaba sendo um bom trabalho por parte de uma das artistas mais interessantes do gênero atualmente, destaco a faixa ''Bad Mood'', uma verdadeira preciosidade. Laura Marling continua com suas histórias contadas em folk com o belíssimo ''Semper Femina'' e o novo cd de Father John Misty, ''Pure Comedy'', conquistou a todos com as letras mais incríveis do ano sobre tantos e diversos temas. Houveram alguns cd's realmente intragáveis no ano como o novo da Katy Perry, ''Witness'', e alguns bem abaixo da média como o último trabalho de Ed Sheeran, ''divide'', mas isso a gente esquece. Nesse post venho publicar meus cd's favoritos do ano, nem sempre os melhores, mas que de alguma forma me fisgaram. E, claramente, o meu gosto pelo vocal feminino continua, como verão na lista abaixo:


10. Margo Price - All American Made: Mais impressionante do que entregar um novo álbum tão rápido após um dos melhores debuts do ano passado, é o fato que Margo Price fez um segundo cd tão ou mais incrível que seu antecessor. Minha queda pela música mais enraizada é sempre maior quando os vocais femininos entram em jogo (Maren Morris, Miranda Lambert, Gretchen Wilson) e com Price não é diferente, o álbum também trata do dia-a-dia de uma mulher no meio country, assim como na sociedade e tem como um dos destaque ''Pay Gap'', o trabalho dentro do álbum com a crítica mais aberta, mas igualmente poderosa sobre a diferença econômica entre homens e mulheres na atualidade.


9. Kelly Clarkson - Meaning of Life: Eu sempre gostei muito da Kelly e mesmo não sendo muito fã de seus últimos cd's de inéditas, o de natal é muito legal, fui de peito aberto para esse novo trabalho e a surpresa foi assim... total! Clarkson sempre gostou de flertar com outros gêneros além do pop (vide suas parceiras country e sua essência pop-rock), mas eu jamais iria imaginar que um álbum dela teria tanta influência soul/r&b como ''Meaning of Life'', um trabalho que reúne os vocais incríveis da cantora com letras profundas e com real sentido da vida adulta. Uma das faixas mais lindas, ''I Don't Think About You'' é a essência do trabalho, desde os acordes da canção até a forma como Kelly canta seus versos. É lindo, é singelo e muito poderoso.


8. The Killers - Wonderful Wonderful: Durante mais de cinco anos desde ''Battle Born'', o não tão bom e também não tão ruim último cd da banda, Brandon Flowers lançou projetos solos e até se saiu bem neles, mas não demora mais que alguns segundos da faixa título para você ter certeza que a singularidade de The Killers é insubstituível. ''Wonderful Wonderful'' serve como um reflexo do próprio vocalista sobre sua vida, ele vai da auto avaliação pessoal na excelente ''The Man'', passa pelo sofrimento da esposa na melancólica ''Some Kind of Love'' e culmina no bloqueio artístico que ronda a qualquer um da classe em ''Have All the Songs Been Written?'' e, provavelmente, esse conceito é o que torna o trabalho tão conciso, bom e viciante. Eu duvido que você ouça ''Run for Cover'' e não agradeça por esse maravilhoso comeback, mas eu duvido mesmo.


7. Björk - Utopia: A rainha da música alternativa retorna com ''Utopia'', que ele seja estranho, diferente e algo difícil de se ouvir é o mínimo que esperamos da islandesa mais incrível desse planeta, mas como eu costumo falar e ler sempre, poucas pessoas escrevem sobre amor como Björk e nesse cd ela faz muito jus a isso, e aqui ela fala não só sobre amor, mas também sobre falta dele, separação e o lado bom de tudo isso, é um trabalho notável, bastante intrigante e que merece uma ouvida só pela ousadia das sinfonias encontradas no álbum. Em uma das músicas, ''Body Memory'', a cantora fala da forma mais alegre que ela encontrou em seu próprio estilo de mostra que ainda tem muita coisa pra viver em uma canção de basicamente dez minutos. É desafiador, é estranho, é inquietante e recompensador, é 100% Björk!


6. St. Vincent - MASSEDUCTION: Confesso que não conheço todos os trabalhos da cantora anteriores ao álbum de 2014 que a levou a um status mais ''mainstream'', mas somente aquele produto foi suficiente para me cativar pela aspecto quase original na abordagem de gêneros já comumente batidos, nessa volta depois de um bom tempo a jovem Anne Clark mergulha totalmente numa pegada eletrônica que identifica muito o cenário atual nos Estados Unidos, mas com aquele toque ''glam'' que só mesmo ela poderia colocar nos dias de hoje. Em primeiro momento parece que Karen O do Yeah Yeah Yeahs decidiu fazer EDM e esquecer um pouco o rock, mas chegar em ''Pills'' para a imagem de St. Vincent estar 100% impregnada na sua mente. O álbum tem seu auge em ''Young Lover'', uma canção que une o melhor do pop, electro e rock com vocais que chamam muito a atenção, é um arraso do começo ao fim, tal qual o cd todo.


 5. Kelela - Take Me Apart: O R&B mais enraizado vem sumindo dos olhos do grande público já tem alguns anos, ficamos sempre a mercê de uma Beyoncé ou uma Rihanna para termos esse som em grande proporção no meio musical, mas é ao ouvir trabalhos como o de Kelela que fica fácil perder que a qualidade do gênero ainda persiste e certas pedras preciosas como ''Take Me Apart'' surgem todos os anos e quase ninguém realmente ouve com a atenção merecida. Eu mesmo ao ouvir o primeiro single da cantora, ''LMK'', não prestei muita atenção e passei batido, mas com ''Blue Light'' a história foi diferente e rapidamente me vi fisgado por um vocal que lembra muito Ciara e Janet Jackson, mas com uma batida mais macia e assuntos mais íntimos. O cd, aliás, após ouvir com atenção e ler um pouco da entrevista da cantora, conta a história de uma mulher, nesse caso negra, que passa por várias etapas de um relacionamento e os problemas gerados após o mesmo. É original? Não, mas quando bem feito, e aqui é muito, é sempre bem vindo. ''Better'' em especial é uma senhora música.


4. Kesha - Rainbow: Admito, nunca fui fã de Kesha, achava ela uma cantora qualquer, sem personalidade, produzida por terceiros e quase inócua no palco, mas após ouvir seu novo trabalho e levar uns bons tapas na cara, tenho que admitir: que álbum incrível é esse, hein? Por muito pouco o ''Rainbow'' não é meu cd pop favorito do ano, é um álbum que traz uma sonoridade totalmente diferente do esperado, mas letras capazes de fazerem com que você lembre bem qual artista se estar ouvindo. É muito difícil decidir qual a melhor faixa do álbum, ele é um acerto a cada canção e coeso em toda a forma como a cantora retrata os últimos anos da sua vida. Ela dialoga com a própria persona, fala com seus demônis, se reafirma enquanto mulher e decide que a vida merece ser muito bem vivida. É uma experiência enriquecedora ouvir o trabalho de mente aberta, a melhor surpresa do ano, sem dúvidas.


3. SZA - Ctrl: Essa cantora de nome difícil pegou todos desprevenidos no ano de 2017, afirmo sem muita dúvida que seu trabalho é o melhor debut do ano e SZA consegue em ''Ctrl'' sintetizar o gênero ''R&B Contemporâneo'' como poucos artistas os fizeram nos últimos anos. Ela utiliza de vocais e lugares líricos comuns para adentrar em uma batida tão atual que ofende a certos cantores presos as melodias da década passada. O trabalho também envolve muito da vida da artista e a sonoridade é consideravelmente linear, um feito e tanto já que o cd jamais se torna monótono e a cada nova faixa, o encantamento só cresce. Embora, ''The Weekend'' seja a melhor faixa do cd, não tenho como não deixar meu destaque para ''Love Galore'' aqui, o R&B não fica muito melhor que isso.


2. Kendrick Lamar: DAMN.: O único homem a entrar na minha lista, Kendrick Lamar é hoje, talvez, o grande artista da atualidade em se tratando de público e crítica, e sei que comparações não são sempre boas, mas é como se ele fosse o Kanye West da década atual. Convenhamos que Lamar soube gerir muito bem seus trabalhos, se no debut ele falava sobre sua vida desde a infância e em ''To Pimp a Butterfly'' ele foca na questão racial como um todo, no ''DAMN.'' ele mistura ambos em um trabalho ainda mais próximo de uma sonoridade popular, mas sem perder um pingo sequer da sua marca, é algo tão inacreditável que só ouvindo os 3 álbuns em sequência para conseguir processar tudo isso. ''Humble'', seu maior hit na carreira, é também uma das melhores músicas do ano, e um exemplo da qualidade irretocável que Lamar conseguiu chegar atualmente, foda.


1. Lorde - Melodrama: Sem surpresas, o meu álbum número 1 do ano é também o de muitos ao redor do planeta, e não tem como falar o quão certo essas pessoas estão. Antes de tudo queria deixar registrado que eu nunca fui muito com a cara da Lorde, não gosto de ''Royals'', não era fã do álbum e sempre achei ela muito ''estranha''. Tudo mudou com seu segundo cd, lembro da mesma reclamando dos fãs apressados por um novo álbum e ela dizendo que precisava de tempo para fazer algo que era verdadeiro para ela, ao ouvir o ''Melodrama'' fico feliz que ela tirou o tempo que quis para entregar esse trabalho, pois ele é um senhor álbum. O som que a neozelandesa já entrega em ''Pure Heroin'' está bem presente aqui, ela somente aprofunda ainda mais os elementos pop e eletrônicos em questão. Lorde escreve muito e escreve bem, aqui ela continua escrevendo para e sobre ela, mas ela reflete os problemas e dilemas de muitos, a ''relatabilidade'' com toda uma geração é absurdamente crível e viável e em nenhuma canção isso soa falso ou vazio, é, aliás, tão real e forte que chega a doer. Outro álbum cheio de pequenas jóias, a grande canção do ano também se encontra aqui, ''Supercut'' fala sobre o quanto as vezes nós queríamos apenas ter como lembrança a melhor parte de nossos relacionamentos, mas não dá, certo? E em um certo momento a jovem cantora chega a gritar por causa disso, é incrível, é indescritível. Sem mais, ''Melodrama'' é uma Obra-prima.

É isso, que venham mais músicas em 2018 <3




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