segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

As melhores produções da telinha em 2017


De primeiro eu pensei em fazer um top só com séries americanas, mas a televisão está em uma era tão boa e tão abrangente que eu decidi incluir tudo que foi bom na tv em 2017 e nisso tivemos um reality show dando um grande twist em sua finale e até uma novela das nove caindo, depois de ano, nas graças do público. Tivemos minisséries incríveis, séries que entregaram grandes estreias, novas temporadas ainda melhores que as outras e a também um dos melhores finais que eu já vi. Sem muitas delongas, essas são as produções feitas para a televisão que eu vi e realmente ficaram guardadas no meu coração.


10. A Força do Querer (Rede Globo) - Sim, é novela das nove no top da tv porque novela é uma delicia quando bem feita e, depois de eras, Glória Perez e o horário das nove finalmente entregaram algo que, acima de tudo, excitava o espectador em esperar o dia todo para acompanhar a jornada de Bibi. Depois de algumas novelas mequetrefes no currículo, Glória Perez escreveu sua melhor trama em toda a carreira, fazendo de Juliana Paes uma atriz com A maiúsculo e trazendo tramas como vício e transexualidade para a sala da família brasileira. Apostando em uma protagonista dúbia ao invés de uma mocinha clássica, Bibi acabou caindo no gosto popular por ser um ser humano por completo, capaz de acertar, errar e, sobretudo, se reerguer. O elenco quase todo brilhou pela capacidade de Perez em fazer um feijão com arroz delicioso, de Carol Duarte como o trans Ivan, Paolla Oliveira como a determinada Jeiza, a psicopata meio perdida de Débora Falabella ou a viciada em jogatina de Lilia Cabral. E sim, foi uma novela de uma mulher totalmente dominada por atrizes em seus auges, um presente incrível de Glória para a teledramaturgia brasileira. Brava!


9. Mindhunter (Season 1) (Netflix) - A temporada de estreia desse thriller americano teve uma das mais interessantes crescentes do ano, a forma como a cada episódio o jogo psicológico totalmente encrustado na mente dos assassinos entrevistados pelos policiais, liderados pelo excelente Jonathan Groff, ia afetando aqueles personagens culminando numa última cena incrível dessa temporada foi o que me cativou desde o piloto. David Fincher é, talvez, o grande nome do gênero nas últimas décadas e assim como em seus filmes do mesmo, a série prefere focar no porque aquilo aconteceu do que necessariamente como aconteceu, isso é ainda mais perturbador do que você pode esperar, gerando cenas incrivelmente tensas como a conversa com o assassino Ed Kemper nos primeiros episódios da série.


8. RuPaul's Drag Race (Season 9) (Logo/VH1) - No apogeu de seu sucesso com a ressurreição da arte drag, a última temporada de RuPaul teve um de seus melhores elencos, repleto de drag queens com estilo diferentes e que tiveram seus talentos explorados das mais diversas maneiras. Porém, como um dos grandes atrativos do programa era o momento de eliminação em que duas Drags faziam um ''lipsync'' para ver quem sobreviveria foi se transformando em um marasmo de performances sem vida, a produção do programa resolveu criar O twist de todas as temporadas de RuPaul. A final não seria só uma conversinha qualquer com três finais gravados como anteriormente era feita, mas sim foi transformada em uma verdadeira batalha de dublagem que decidiu, por fim, a próxima super estrela drag. Eu acho que foi justo? Não #SheaCouléetruewinner. Mas foi incrivelmente inventivo? Sem dúvidas. Ah, e nada de máscaras, viu mores? Valentina aprendeu da pior forma essa regra rs.


7. Stranger Things (Season 2) (Netflix) - A primeira temporada de Stranger Things foi um absoluto fenômeno, em um fim de semana parece que o mundo todo tinha assistido e se apaixonado pelas crianças mais incríveis da televisão e o mundo do ''upside down'' já nascia como um clássico da tv americana. E ai, como fazer uma temporada tão incrível quanto e conseguir justificar esse hype todo? Por incrível que pareça, Stranger Things conseguiu. Antes de tudo, a primeira temporada era muito mais uma forma de homenagear a época/gênero ali retratado do que necessariamente um poço de originalidade, mas de qualquer forma, era realmente muito boa. Nessa nova jornada vemos a série criando raízes próprias e uma mitologia ainda mais definida no que se trata desse mal maior que assola a pequena cidade de Hawkins. A série decidiu ir além de Millie Bobby Brown e conseguiu fazer mais personagens brilharem com tramas muito bem delineadas, caso de David Harbour como o detetive Jim Hooper sendo o grande destaque da temporada, mas Noah Schnapp não ficou muito atrás como o perturbado Will. Os criadores prometem que a série não durará mais que 4 ou 5 temporadas, mas até lá acho que eles tem muito a contar ainda sobre esse incrível pequeno grande mundo.


6. Big Little Lies (Season 1) (HBO) - A minissérie que agora virou, desnecessariamente, uma série sobre várias mulheres de classe A em uma pequena cidade suburbana dos EUA foi a grande sensação da HBO no ano, público e crítica se viu totalmente envolvido com essas rainhas e a resposta é bem simples: a temporada foi realmente uma delícia. O projeto foi vendido como uma forma de thriller, mas chega no quarto episódio e você não sabe nem quem morreu ou quem matou, isso é uma forma do roteiro deixar claro que isso é secundário, que o foco aqui é nessas personagens, quem elas são, o que querem serem, quem elas escondem o que realmente são ou passam e esse ''estudo de personagem'' é viciante. Reese Witherspoon, meu destaque do elenco, subverte totalmente o papel de perua burra com uma Madeline que brilha desde a primeira cena, Nicole Kidman tem um desenvolvimento muito bem feito de uma mulher que precisa aguentar muita coisa na vida para salvar seu casamento, e é responsável pela cena com a melhor atuação da tv em 2017, e Shailene Woodley surpreende positivamente como uma mãe bem jovem que precisa lidar com algo de seu passado que a perturba até hoje. O elenco ainda tem uma histericamente maravilhosa Laura Dern, um interessante Alexander Skaarsgard e várias pequenas pontas muito apetitosas. Um dos problemas da série era justamente a direção de Jean Marc-Vallée, mas como a maravilhosa Andrea Arnold irá dirigir a segunda temporada, fico até menos cético do que ainda precisamos saber sobre todos esses personagens. Bem, agora é esperar, não é mesmo?


5. The Crown (Season 2) (Netflix) - Uma série sobre os primeiros anos de reinado da Rainha Elizabeth II? Anos 50? Gente, quais as chances de isso ser realmente interessante? Acredito, eu também fui cético e acabei recebendo a melhor temporada de uma série do ano passado. Nesse ano, não foi diferente, e esses mais dez episódios sobre Elizabeth II foram tão ou mais maravilhosos que os primeiros. Agora nós já estamos acostumados com esses personagens, suas visões, anseios, e, principalmente, suas limitações. O elenco, liderado por uma brilhante Claire Foy, também está ainda mais perfeito com seus personagens reais do que antes, e mesmo que a presença de John Lightow como Churchill seja sentida, momentos como o famoso retrato da Princesa Margaret, a revelação nazista de um membro da família real e a visita de Jackie Kennedy são mais que suficientes para prender o espectador desde o começo da temporada. É esperado que a série dure seis temporadas e eu mal posso esperar pra acompanhar de pertinho essa família que é muito unida, mas também muito ouriçada.


4. Master of None (Season 2) (Netflix) - O humor de Aziz Ansari não é, necessariamente, para todos, mas se você assiste a primeira temporada, já ótima, de Master of None, com certeza deve ter ficado enlouquecido com a irretocável segunda temporada. A série já volta com um episódio homenageando Vittorio De Sica, dai em diante temos episódios que discutem religião, relacionamentos líquidos, sexualidade e, o melhor de todos, a interligação entre vários seres humanos na movimentada New York. É uma visão bem moderna de encarar os grandes dilemas da atualidade com muito bom humor e sagacidade, e Ansari junto de seu time de roteiristas faz isso com uma qualidade de dar inveja. Um dos meus episódios favoritos da temporada, o de Ação de Graças, é um dos melhores roteiros sobre o lidar com sexualidade na família que eu já vi, realmente incrível.


3. Feud: Bette vs. Joan (Season 1) (FX) - Se eu te contasse que Ryan Murphy ia fazer uma série sobre a rivalidade de Bette Davis com Joan Crawford, com certeza você pensaria que seria uma série sobre rivalidade feminina recheada de ''fatos engraçados'' da época, certo? Certo. Porém, além dessa análise bem superficial de ''Feud'', a série mostra não só a rivalidade, mas como e porque ela é criada, e ela vai muito além, ela examina como o sistema tratava as mulheres antigamente e constata que muita coisa ainda nem mudou. As duas protagonistas estão em estado de graça, Jessica Lange é uma excelente Joan Crawford e tem momentos de corta o coração, mas Susan Sarandon É Bette Davis em cena e consegue chamar a atenção para si, como Davis com certeza o faria, em todas as cenas que aparece. O elenco de apoio está um arraso e a direção da série é outro destaque, o episódio fatídico do Oscar perdido por Bette Davis é magistralmente dirigido pelo próprio Murphy e possuí um plano sequência de deixar qualquer um babando pelos bastidores da premiação mais badalada do mundo.


2. The Handmaid's Tale (Season 1) (Hulu) - A melhor estreia de 2017, ''The Handmaid's Tale'' é uma série aterrorizante sobre uma ditadura teocrática dominando os Estados Unidos e tomando do e o poder toda e qualquer minoria. Nisso, o foco da série são nas ''Aias'', as únicas mulheres ainda capazes de darem luz no país que são obrigadas a uma escravização sexual perturbadora. Essa também é a palavra para descrever todo o ambiente que está inserida Offred, uma mulher que teve tudo tomada e agora precisa tomar coragem para tentar reverter o seu quadro, e por que não, o de todxs ali. Offred é defendida ferozmente pela melhor atuação da televisão em 2017, uma Elisabeth Moss que deixa qualquer pessoa de queixo aberto em qualquer episódio da série, mas o elenco todo está ótimo em cena, com destaque para Alexis Bledel que arrasa sem falar um ''a'' sequer e uma Yvonne Strahovski subestimada como uma mulher traída duplamente pelo seu marido. ''The Handmaid's Tale'' é a série que precisamos hoje, e além de qualquer discurso, é uma série incrivelmente bem feita em todos os aspectos imagináveis. É, realmente, uma puta estreia e espero que o futuro da série consiga manter a qualidade. Under His Eye. May the Lord Open.


1. The Leftovers (Season 3) (HBO) - Eu queria já começar falando que ''Leftovers'' deve ser a melhor série dessa década, e quem discordar, favor assistir de novo. Simples assim, a obra-prima de Damon Lindelof e Tom Perrota conseguiu em pouco menos de 30 episódios contar uma das histórias mais originalmente incríveis e bem feitas que a televisão já viu. Partindo do pressuposto de fé, a série conduziu lindamente cada de um de seus personagens em caminhos impensáveis de forma brilhante. Foram três temporadas onde Kevin, Nora, Laurie, Matt e demais se viam em diversas provações nessa coisa tão difícil que chamamos de vida. ''Leftovers'' conseguia ser inventiva até quando podia ser lugar comum, jamais esquecerei da conversa de Patti e Kevin no poço em como ela usava um programa de teve para fazer uma analogia sobre seu medo de mudança ao invés de um monólogo verborrágico como várias outras séries o fariam. A última temporada conseguiu a proeza de fazer episódios de total excelência e entregou um final que deixou até os mais fervorosos fãs com o coração na mão e as lágrimas nos olhos. É surreal, é sublime, é o que de melhor a tv pode oferece. E aliás, falando nisso, queria deixar meu obrigado a Carrie Coon, obrigado por existir Nora, você é de outro mundo.



















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